Depois de discutir a apatia da sociedade contemporânea na peça "Manter em Local Seco e Arejado", o grupo [PH2] investiga o inverso: a histeria. O espetáculo "Mantenha Fora do Alcance das Crianças" estreia amanhã, no Centro Cultural São Paulo.

O silêncio do primeiro difere do palavrório que conduz o segundo. "Perante situações de crise, os personagens estão sempre em movimento", afirma o diretor Rodrigo Batista. No último trabalho, a euforia, a dor e o ódio explodem em violentos fluxos verbais.

O grupo paulistano lança perguntas que ironicamente remetem ao ponto de partida do primeiro experimento. Entre elas: como as relações da sociedade contemporânea podem superar o prisma da apatia? Há possibilidade de irrupções histéricas no cotidiano?

Para o diretor, apatia e histeria ocupam lugares semelhantes na atualidade. "Ao mesmo tempo em que sinto falta do senso trágico, vejo o desespero de reagir a algo", reflete.

No espetáculo, o calor toma conta do ambiente. "Em casa de veraneio, todos estão em festa, brindam a tudo. É tanta felicidade que gera sensação de sufocamento na plateia".

A falta de copos durante o encontro familiar retoma passado esquecido. Duas figuras entram em conflito permanente, então paira a dúvida se o fato já dura um ano. Em meio a tanta histeria, outros dançam sobre o chão coberto por cacos de vidro, vindos dos copos quebrados. "Cada figura apresenta um traço próprio: uma chora o tempo inteiro, outra samba, outra fica parada olhando para o céu", exemplifica.

Para a investigação, o grupo pinçou dois filmes: "Faces", de John Cassavetes, e "O Pântano", de Lucrécia Martel. Enquanto o primeiro apresenta de forma radical a vida humana, o segundo paira em estado mórbido, no entanto iminente de explosão.


Mantenha Fora do Alcance das Crianças Teatro. Estreia amanhã, às 21h. No Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo. Tel.: 3397-4002. Temporada: de quinta-feira a sábado, às 21h; aos domingos, às 20h. Ingr.: R$ 10. Até 24/7.