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Mauá inicia estudo de árvores

Convênio firmado com IPT no valor de R$ 2,5 milhões prevê análise das 7.000 unidades espalhadas pela área urbana nos próximos seis meses

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
19/10/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Começa na próxima semana trabalho de campo da Prefeitura de Mauá para traçar diagnóstico das cerca de 7.000 árvores urbanas da cidade. A ação, que terá duração de seis meses, integra convênio firmado entre a administração e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) em 2013 para elaboração de plano diretor de arborização.

O trabalho de mapear e propor soluções de manejo para as espécies vegetais do ambiente urbano do município tem prazo de conclusão previsto para 2015 e custo de cerca de R$ 2,5 milhões, provenientes do Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos. “Uma das características da cidade é a falta de planejamento, o que resulta em raízes estourando calçadas, por exemplo. A proposta é que tenhamos um município mais arborizado a médio e longo prazos”, diz a diretora de Educação Ambiental da Prefeitura, Larissa Kelly da Cruz.

A principal dificuldade, de acordo com Larissa, é o fato de Mauá contar com território pequeno para o tamanho da população. São cerca de 444,1 mil habitantes espalhados nos 61,8 km².

Conforme recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) seriam necessárias 1,3 milhão de árvores ou 1,6 hectare de área verde. “Com da falta de planejamento para desenvolvimento da cidade, temos o relevo, a largura dos passeios que são, em sua maioria, estreitos, e a dificuldade de fiscalizar”, aponta.

Durante o período de coleta de informações sobre as árvores, os responsáveis pelo mapeamento (servidores e gestores municipais, bombeiros e representantes da AES Eletropaulo) contarão com suporte de software desenvolvido pelo IPT. O grupo passou por curso durante uma semana. O aplicativo permite identificar e catalogar cerca de 70 atributos para cada espécie. São levados em conta informações como altura, inclinação, existência de parasitas, proximidade com bueiros, postes ou fiação elétrica.

“Além da observação visual, será feita análise interna não destrutiva a partir do uso de equipamentos específicos para identificar, por exemplo, se há deterioração interna ou cavidade”, explica a pesquisadora do IPT responsável pelo projeto, Raquel Amaral.

Ao fim do processo de inventário, serão feitas recomendações para cada árvore. “É como uma pessoa doente, que tem uma ficha quando vai ao médico. Vamos indicar se há necessidade de poda, tratamento, monitoramento ou supressão”, explica Raquel. Além disso, será possível planejar novos plantios, segundo a pesquisadora.

Programa terá distribuição de cartilhas para moradores

O trabalho de conscientizar a população acerca da importância da árvore para a qualidade de vida é uma das ações previstas no projeto. Para isso, está prevista distribuição de cartilhas, elaboração de livro técnico, DVD e workshop.

“As árvores são fundamentais para a qualidade de vida das pessoas. Além de valor estético, a vegetação colabora para a diminuição das ilhas de calor e favorece a fauna. As pessoas precisam entender esses benefícios para querer uma árvore perto de casa”, destaca a engenheira agrônoma pesquisadora do IPT, Raquel Amaral.

A diretora de Educação Ambiental da Prefeitura Larissa Kelly da Cruz lembra que normalmente a população reclama da sujeira causada pelas árvores nas calçadas devido à falta de planejamento anterior. “As espécies exóticas (não pertencentes à Mata Atlântica) costumam ser invasoras, acabam quebrando as calçadas”, diz.

PLANO DIRETOR

A meta da Prefeitura, ao fim do projeto, é que o plano diretor de arborização de Mauá se torne lei municipal. Com isso, a manutenção dos trabalhos estaria garantida, independente da gestão municipal, ressalta Raquel.

Uma das funções do software desenvolvido, por exemplo, é o cadastro das árvores que caem. Nesse caso, é possível identificar os motivos que levaram à queda para conhecer o comportamento dos vegetais na cidade. “É importante que o município dê prosseguimento ao preenchimento dos dados”, ressalta a pesquisadora.

Outra preocupação de Raquel é em relação ao trabalho de manejo preventivo, considerado fundamental para a cidade. A ação, de acordo com a pesquisadora, depende de equipe em volume suficiente para dar conta do serviço. “De repente a gente identifica a necessidade de plantar 10 mil árvores, mas a Prefeitura conta com equipe reduzida de profissionais para o trabalho de monitoramento, poda, entre outros. É um problema”, considera.




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