O Capital Inicial está de volta. Não tivesse a banda passado por período complicado após o acidente sofrido por Dinho Ouro Preto em um show em Minas Gerais no fim de outubro, a frase poderia soar como fora de lugar. Ouro Preto se recuperou do traumatismo craniano e se reuniu novamente em estúdio com os irmãos Fê (bateria) e Flávio Lemos (baixo) e Yves Passarell (guitarra). O resultado é "Das Kapital" (Sony Music, R$ 23, em média, nome original em alemão da obra "O Capital", de Karl Marx, e também o 12º disco de estúdio da banda formada em Brasília há 28 anos.

Felizmente, o grupo não se fia muito a esse passado recente de dificuldade. Apenas o passar de olhos pelo encarte confirma isso. A sugestiva faixa de abertura, "Ressurreição", composição do vocalista com o guitarrista e Alvin L., seus parceiros habituais, é acompanhada de foto de um Dinho Ouro Preto com meio sorriso um tanto debochado. E esse assunto acaba aí ("Ouço o povo dizendo que sim/ A televisão gritando não/ Deve ser isso que chamam de ressurreição").

"Das Kapital" é assim: um álbum direto ao ponto, que fala às raízes da banda, que mescla o punk rock que os Lemos tentaram fazer ao lado de Renato Russo no Aborto Elétrico até certas sutilezas conseguidas com piano. Ou seja: nada mudou muito, o que é confortável para os fãs mais ardorosos.

As 11 faixas são todas assinadas pelo vocalista. Além de Alvin L. e Yves Passarell, há a contribuição de Pit Passarell (irmão do guitarrista, que fazia parte do Viper, ainda em atividade) e o jovem compositor Robledo Silva.

A banda vai colocar essa receita à prova em show no Credicard Hall no sábado (dia 12), a partir das 22h. Os ingressos vão de R$ 50 a R$ 140.