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No Grande ABC, melhores escolas têm disciplina forte
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
19/04/2010 | 07:56
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Disciplina forte, professores que não faltam e alunos que se aplicam nas lições de casa. A receita parece simples, mas faz a diferença nas três escolas estaduais do Grande ABC que tiveram a melhor pontuação no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo). As qualidades foram citadas por pais de alunos da EE Maria da Conceição Moura Branco, em São Caetano, da EE Cláudio Abramo e da EE José Piaulino, ambas em Diadema.

O Idesp é uma nota dada para cada colégio da rede estadual com base no fluxo escolar e no desempenho que os estudantes tiveram no Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), também conhecido como provão. A nota serve para calcular bônus distribuídos aos professores.

A EE Cláudio Abramo, no Jardim Maria Tereza, em Diadema, atingiu 7,08 no Idesp deste ano e foi a melhor colocada da região entre as unidades onde há aulas até a 4ª série. "Aqui os professores pegam no pé das crianças. E tem que ser assim mesmo. Se não, os alunos não vão fazer nada", afirma a doméstica Suzana Seiches Melo, 37 anos, mãe de Amanda, 7, da 2ª série. "O bairro aqui não é muito rico, então ter uma escola dessas é um alívio para a gente porque sabemos que nossos filhos estão aprendendo", diz Carla Moreno, 28, cujo filho Thiago estuda na 1ª série.

Também em Diadema, mas na Vila Mulford, está a EE José Piaulino, que teve nota 6,59 no Idesp para turmas da 4ª série. Foi a segunda colocada da região nessa categoria. Uma faixa na frente do colégio parabeniza alunos e professores pelo resultado. "Aqui a gente percebe que os professores estão lutando para os alunos aprenderem mesmo. Não é aquela coisa de deixar os meninos jogando bola na rua. Tem sempre muita lição de casa", afirma o ajudante Ernandes Ferreira Gomes, 34. Ele diz que seu filho Jhonatan, 6, da 1ª série, já sabe fazer tabuada e escrever o cabeçalho.

A EE Maria da Conceição Moura Branco, no bairro Barcelona, em São Caetano, obteve as melhores pontuações do Grande ABC na 8ª série do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio. Pais e estudantes apontam a rigidez da direção da unidade como o diferencial. "Parece uma escola particular", define a educadora Solange Souza, 44 anos, mãe de uma aluna do 2º colegial, que, embora more em São Bernardo, escolheu o colégio da cidade vizinha. A escola não permite atrasos nem uso de aparelhos eletrônicos. Ao entrar na sala, meninos e meninas usam escadas diferentes.

Educadores contestam avaliação do Estado

Educadores ouvidos pelo Diário divergem quanto a eficiência da avaliação do Idesp, feita anualmente desde 2007 pela Secretaria Estadual de Educação. Se por um lado o método é criticado por não promover mudanças práticas no ensino, por outro é apontado como ferramenta eficiente para diagnosticar quais escolas precisam de mais investimentos.

"Esses números não servem para absolutamente nada a não ser para fazer estatística", afirma o professor Vitor Henrique Paro, doutor em Educação pela USP (Universidade de São Paulo). "Não acho que seja relevante se uma escola passou de 4,1 em um ano para 4,2 no outro. O que é essa mudança de 0,1 na educação?", questiona o professor, que propõe redução no número de alunos por sala e melhores condições aos professores.

A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) também questiona a avaliação. "Não somos contra desde que seja no sentido de diagnóstico e de propor melhorias", afirma o secretário de comunicação da entidade, Paulo Neves. "Mas parece que o governo só quer passar a ideia de que a Educação de São Paulo está melhorando", conclui Neves.

Marilene Pinto Ceccon, diretora de ensino de Mauá, responsável também por Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, acha que o Idesp pode ajudar a melhorar a rede pública. "Vamos fazer o acompanhamento bem próximo das escolas que foram mal, às vezes até individualmente com os alunos", diz.

A diretora encaminhou à Pasta um pedido de correção da nota da EE Professora Ezilda Nascimento, no Jardim Zaíra. Com índice 1,27 na 8ª série, o colégio foi um dos cinco piores do Estado. O mal desempenho se deve à saída de alunos, segundo Marilene. "Em setembro, com a inauguração da EE Jardim Zaíra VIII, quase todos os alunos da 8ª série saíram da escola", afirma. O Zaíra VIII tirou nota 2,45. TD

Grande ABC ficou acima da média da Região Metropolitana

As médias obtidas pelas quatro diretorias de ensino do Grande ABC no Idesp 2010 são mais altas que as médias das escolas estaduais da Capital e da região metropolitana de São Paulo.

Os colégios de Santo André e Ribeirão Pires tiveram desempenho superior à média do Estado em todos os ciclos: 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e 1ª a 3ª série do Ensino Médio.

Enquanto a média no exame da 4ª série foi 3,86, Santo André atingiu 4,11; Diadema, 4,21; Mauá, 3,87 e Ribeirão Pires, 4,16. Já Mauá (3,84) e Rio Grande da Serra (2,99), não alcançaram o índice. São Bernardo e São Caetano não têm escolas estaduais nesse ciclo.

A região também aparece com destaque na classificação das unidades de ensino de 8ª série. A média do Estado foi 2,84. Santo André (2,95), São Bernardo (2,91), São Caetano (3,08) e Ribeirão Pires (3,22) ficaram à frente. Diadema (2,70), Mauá (2,74) e Rio Grande da Serra (2,65) estão abaixo da média.

No Ensino Médio, Santo André (2,08), São Bernardo (2,10), São Caetano (2,31) e Ribeirão Pires (2,19) tiveram pontuação acima da média estadual (1,98), ao contrário de Diadema (1,78), Mauá (1,87) e Rio Grande da Serra (1,75).




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