Aqueles soldados em passo de ganso na abertura dos Jogos Olímpicos, definitivamente, não trazem boas recordações
Aqueles soldados em passo de ganso na abertura dos Jogos Olímpicos, definitivamente, não trazem boas recordações: lembram guerra, conquista, lembram a entrada dos soldados nazistas nos países que conquistaram. Ditadura é um horror, seja ou não comunista; a aplicação em massa da pena de morte é inaceitável.
Mas, como ensina a Bíblia, tudo tem sua hora. E esta é a hora da confraternização, do esporte, não da política nem da guerra. Aproveitar o esporte para protestos políticos, para protestos contra a repressão no Tibete, para protestos contra o apoio chinês ao governo sudanês, que massacra seus cidadãos, é esquecer o significado tanto dos Jogos Olímpicos quanto do esporte.
Antigamente, as guerras eram suspensas durante as olimpíadas. Nos tempos modernos, as olimpíadas foram suspensas durante a guerra. Não é difícil escolher a melhor alternativa. E quantos fatos politicamente importantes ocorreram porque o mundo se dedicava ao esporte! O ditador nazista Adolf Hitler, que considerava os negros uma sub-raça, saiu do estádio, na Olimpíada de Berlim, para não cumprimentar o negro americano Cornelius Johnson, ouro no salto em altura. E livrou-se de assistir ao triunfo de outro negro americano, Jesse Owens, que ganhou quatro ouros, no salto a distância, nos 100 e 200 metros rasos, no revezamento 4x100. Johnson e Owens fizeram mais para desmoralizar as bobagens nazistas do que qualquer protesto político.
Este é o momento de vencer as ditaduras no esporte. Política é outra coisa.
FRASE 1 - NO DEDÃO
Do presidente Lula, em Pequim, defendendo os Jogos Olímpicos do Rio: "Somos um País que tem fronteira seca com vários países da América do Sul, portanto temos a chance de fazer com que os pobres do mundo, que não têm chance de ver uma Olimpíada, possam ir ao Brasil assistir a uma Olimpíada". 1 - Os pobres do Sudão ou do Zimbábue não terão como ir ao Rio; 2 - Talvez o presidente tenha errado a frase e se referido somente aos pobres da América do Sul. Os pobres paraguaios, por exemplo, irão ao Rio de que jeito? E os pobres venezuelanos, quantas horas de ônibus enfrentarão? 3 - Claro que sempre se pode andar a pé. Dizem que é ótimo para a saúde.
FRASE 2 - MEU PAIPAI
Do senador Romeu Tuma (PTB - São Paulo), corregedor do Senado, sobre a nomeação de múltiplos parentes do senador Efraim Morais (DEM - Paraíba): "Isso é uma questão de foro íntimo. Eu, por exemplo, não nomeio parentes". Tuma fala a verdade: não nomeia mesmo. Quem nomeia são os outros. Por exemplo, houve gente maldosa dizendo que Tuma deixou o PFL porque o partido mudou de nome, e ele não agüentaria ser chamado de "democrata". Mas a mudança de partido, com sua transferência da oposição para a base de apoio do presidente Lula, coincidiu com a nomeação de seu filho Romeu Tuma Jr. para a Secretaria Nacional da Justiça, do governo federal.
ANISTIAR E DESANISTIAR
A discussão sobre os limites da Lei da Anistia não está levando em conta aquilo que é realmente importante: a abertura dos arquivos da ditadura militar. Com isso, sem necessidade de longas batalhas jurídicas, será possível saber quem torturou; e também, do outro lado, quem apenas posa de herói da resistência, mas usou a luta armada para fins pessoais ou colaborou com o regime.
MARCHA AMAZÔNICA
Amanhã, cerca de dez caravanas sairão de capitais e outras cidades da Amazônia para protestar contra a demarcação, em área contínua, da reserva indígena Raposa/Serra do Sol. A Marcha a Roraima protesta também contra a interferência de organizações não-governamentais internacionais na Amazônia.
SUMINDO, SUMINDO...
O governador de Minas, Aécio Neves, viajou a São Paulo para apoiar o candidato de seu partido, Geraldo Alckmin, à Prefeitura da Capital. O mesmo fez o senador Tasso Jereissati. O governador de São Paulo desapareceu da campanha tucana: não quer dar apoio público nem ao candidato de seu partido, Alckmin, nem a seu próprio candidato, Gilberto Kassab (DEM). Pega mal: dá a impressão de que o governador não quer assumir seu voto.
...SUMIU
Na verdade, não é nada disso: Serra se mantém à distância de Kassab para evitar represálias do comando nacional do PSDB, que apóia Alckmin. E se mantém à distância de Alckmin porque não tem nada a ver com o caso Alstom, da multinacional francesa acusada de pagar propinas para ganhar obras do Metrô nos governos Covas e Alckmin, e não quer ser vítima de estilhaços.
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