Segundo FHC, o governo não deve ter participação ativa nas campanhas eleitorais. Ele ressaltou que a população brasileira vai optar pelos candidatos com melhores propostas. "A população escolhe em função das propostas e pessoas e não das pressões", afirmou.

O presidente disse que ainda não é o momento para os partidos estabelecerem prazos para o lançamento de candidatura a presidente da República nas eleições deste ano. Ele reiterou que irá apoiar o candidato do PSDB mas, enfatizou, que como presidente da República e da base aliada, irá lutar para preservar a aliança do PSDB com o PMDB e o PFL. "Não é somente para ganhar a eleição, mas para governar. O espírito de aliança é essencial. Isso valeu até agora e vai continuar valendo".

Na avaliação de FHC, o PSDB é um partido forte e terá condições de avançar com o seu candidato ao Palácio do Planalto, mas deixou claro que sua intenção será manter os partidos da base aliada unidos.

Serra x Jereissati - O presidente afirmou que não existe intriga do governador do Ceará, Tasso Jereissati, (PSDB) ou da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), sobre a candidatura do ministro José Serra à presidência pelo PSDB. "Nem o Tasso nem a Roseana vão se prestar a quarteto para intriga", afirmou.

Ele criticou as conjecturas que a mídia vem fazendo sobre brigas internas a respeito dos melhores nomes ao Palácio do Planalto. "Precisamos de menos suposição e mais informação. O que é plausível é o que aconteceu", disse, referindo-se à informação de que o ministro José Serra teria articulado o lançamento da pré-candidatura de Raul Jungmann pelo PMDB. "O Serra nem sabia de nada", afirmou.

O presidente defendeu ainda maior unidade no PSDB e disse que vem mantendo conversa diretamente com o governador do Ceará sem a intermediação de ninguém.

Viagem - O objetivo da visita oficial de três dias do presidente à Rússia e à Ucrânia é diversificar e intensificar a pauta de exportação com a Rússia, que hoje é baseada em produtos como carnes, suínos e café.

Fernando Henrique disse que as conversações nas áreas de Ciência e Tecnologia e espacial serão muito importantes nas conversas com o presidente Vladimir Putin. "Mas talvez o mais importante seja conversar sobre política internacional", destacou.

Fernando Henrique viajou na companhia dos ministros de Planejamento, Desenvolvimento, Agricultura, Relações Exteriores, Defesa e Justiça. Ele se reunirá com o colega Vladimir Putin, com o premiê Mikhail Kassianov e com outros responsáveis políticos russos.

A visita do presidente brasileiro terá, sobretudo, um caráter econômico. "Estamos interessados nos conhecimentos russos em matéria de extração de petróleo, indústria energética e construção de máquinas", disse FHC ao jornal russo Novye Izvestia.

A esfera aeronáutica também faz parte do programa, já que o avião de combate russo Soukhoï Su-35 compete com o Mirage-2000 francês na licitação de compra de aviões de combate para as Forças Armadas brasileiras.

A cooperação espacial também terá destaque nas reuniões de Fernando Henrique em Moscou, principalmente a observação da Terra através de satélites russos, já que uma estação de fotos por satélite poderá ser vendida para o Brasil.