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Filha de comerciante é libertada de cativeiro
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
23/11/2006 | 22:13
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A Delegacia Anti-Seqüestro de São Bernardo libertou quinta-feira a filha de um comerciante de São Caetano que estava em poder de criminosos desde o último dia 11. A vítima, de 30 anos, foi libertada por volta das 14h de quinta-feira. Ela estava em um cativeiro nono Jardim Icaraí, região do Grajaú, na zona Sul da Capital.

Quando os policiais chegaram ao local, o homem que vigiava o cativeiro, conhecido apenas como Rato, reagiu e foi morto. Ele estava armado com uma pistola calibre 380 e chegou a ser levado para o Hospital Estadual do Grajaú, mas não resistiu e morreu.

A polícia chegou ao cativeiro após a prisão, quinta-feira pela manhã, de um dos mentores do seqüestro, Leandro Gonzaga da Silva, 22 anos, morador da Vila Clara, também região do Grajaú.

Silva usava o celular da própria vítima para fazer contato com a família dela, em São Caetano, e pedir dinheiro. “Chegamos a ele por meio da interceptação das ligações. Identificamos de onde partiam as chamadas e cruzamos essas informações com outras investigações sobre seqüestros. Trouxemos ele para ser interrogado e ele deu os detalhes da operação e indicou o local do cativeiro”, disse o delegado Waldir Antonio Covino Júnior.

A vítima foi abordada por três homens, por volta das 7h30 do dia 11, um sábado. A moça chegava de carro sozinha ao estabelecimento do pai, uma loja de acessórios de veículos.

“Ninguém testemunhou a ação do grupo. A família só soube (do seqüestro) depois que um deles fez contato. Inicialmente, pediram R$ 500 mil pelo resgate. No final das negociações baixaram para R$ 100 mil”, conta o delegado.

A Anti-Seqüestro de São Bernardo, responsável também por São Caetano, tomou conhecimento do ocorrido porque assim que os seqüestradores fizeram contato, os parentes da vítima ligaram para uma delegacia da cidade. “Assim que São Caetano nos passou a informação começamos a atuar. Na segunda-feira (dia 13) obtivemos autorização da Justiça para grampear as ligações”, relata Covino Júnior.

De acordo com o delegado, o cativeiro era em um imóvel que não levantava suspeitas. “É uma casa bem estruturada, com uma porta de ferro na entrada da garagem.” O imóvel tem três cômodos, sala, quarto e cozinha.

Quando os policiais chegaram, a vítima estava acorrentada pelas pernas a uma cama. Além da cama, no imóvel havia apenas um pequeno armário e um fogão, usado para preparar a comida de Rato, que desde o dia do seqüestro permaneceu todo o tempo cuidando do cativeiro. Em depoimento à polícia, a vítima disse que comeu macarrão com salsicha todos os dias.

Segundo Covino Júnior, a vítima relatou não ter sido agredida nem sofrido ameaças dos seqüestradores. “Ela estava muito abalada, mas não relatou ter sido agredida.”

Assim que foi resgatada, a filha do comerciante foi levada para o encontro dos pais. Em seguida, foi encaminhada para um hospital da cidade, onde passaria por exames.

Segundo um dos investigadores que vinha acompanhando o caso desde o início e quinta-feira esteve no cativeiro no momento do resgate da vítima, o imóvel havia sido alugado há pouco mais de um mês. “Depois que a libertamos, apareceram algumas pessoas e disseram que a casa tinha sido alugada há pouco tempo. Mas como não se suspeita de algo assim? Uma casa é alugada, mas praticamente não se vê movimentação de ninguém!”, observou o investigador, que não quis se identificar.

Segundo o delegado da Anti-Seqüestro de São Bernardo, Silva já tinha duas passagens, por receptação e furto. “As investigações vão continuar, pois se eles estavam em três. Ainda falta pegar um. Pode ser que tenha mais gente envolvida”, disse Covino Júnior.

Na delegacia, Silva garantiu que é seu primeiro envolvimento em um caso de seqüestro. Negou saber o nome ou conhecer o comparsa morto. “Fui apresentado a ele por outros caras quando bolamos essa fita (armação do seqüestro). Não o conhecia. Só falava com ele no cativeiro.”

Disse ainda que tentou o seqüestro porque como já tem passagem pela polícia, não consegue emprego. “Tenho dois filhos, um de três semanas”, justifica.



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