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Visita on-line é alento ao aproximar
pacientes de Covid das famílias

Serviço pioneiro no País, criado para permitir o contato virtual e reduzir a sensação de distância e isolamento, também mantém viva a esperança

Publieditorial
23/06/2021 | 00:01
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Divulgação


O diagnóstico da Covid-19 traz medo e apreensão. Quando a internação é necessária, também é preciso conviver com a saudade dos amigos e familiares, já que a visita não é permitida por causa do risco de contaminação pelo vírus. É neste momento delicado que a equipe do serviço de psicologia dos hospitais de campanha de Santo André – Pedro Dell’Antonia e UFABC (Universidade Federal do ABC) – faz a diferença para cada um dos internados e suas famílias. Por meio de tablets, os funcionários oferecem chamadas de vídeo diárias para todos os pacientes, o que aquece o coração de quem está em recuperação. O serviço, iniciado ano passado de forma pioneira no Brasil, serve de alento em tempos de isolamento e mantém viva a esperança do reencontro,

A coordenadora da equipe, formada por 20 psicólogos e 24 assistentes sociais, é Hivina Machado, 30 anos. Ela, que é integrante da organização humanitária internacional Médico Sem Fronteiras e esteve em Manaus, Amazonas, durante a crise da falta de oxigênio nos hospitais, está à frente do grupo andreense há cerca de três meses.

Apaixonada pelo que faz, Hivina defende a importância da humanização do tratamento aos pacientes, sobretudo nestes tempos de pandemia, porque tendem a se ver tratados apenas como números nas estatísticas diárias. Ela explicou a importância da videochamada para a saúde física e mental do paciente. “Acaba sendo o elo entre o paciente e família. Nós percebemos os benefícios no quadro clínico quando vemos, por exemplo, a saturação do paciente melhorando. Também há uma melhora no quadro de ansiedade, que naturalmente se agrava com o paciente dentro do hospital. Nós sentimos que quando ele tem esse conforto da família, acaba minimizando a distância e ele tem desejo ainda maior de lutar pela vida.”

Por meio da equipe, os pacientes se encontram virtualmente com a família todos os dias. São cerca de cinco minutos de conversa, mas que se tornam o momento mais precioso de quem não vê a hora de voltar para casa. “É um fluxo lindo. Porque não há afobação e cada um espera pacientemente a sua vez. Todos eles saem muito gratos por receber este conforto”, contou.

Quem já passou por isso sabe como as chamadas fazem a diferença. O investidor Edinei Ribeiro da Silva, 42, foi encaminhado para o hospital de campanha do Dell’Antonia com 80% dos pulmões comprometidos no fim de maio. Ele tinha acabado de se casar. “Lembro que quando o médico chegou a me dizer que talvez eu não tivesse alta cedo, eu vi o rosto da minha mulher na tela e desceram lágrimas. Se não fosse a videochamada seria uma depressão a nossa rotina”, disse ele, que se recuperou em seis dias.

“Eu ficava feliz de falar com a minha família todos os dias”, disse Marinete de Almeida Barros, 84, que ficou 13 dias internada, parte no Dell’Antonia e outro tanto na UFABC. Essa rotina cansativa e de altos e baixos também não é fácil para os profissionais que, mesmo nos momentos mais difíceis, não desanimam. “Estamos atuando na pandemia desde o começo, então não é fácil. Tem dia que a gente chora e se emociona, porque a nossa empatia está em primeiro lugar. É muito gratificante quando a gente vê um número grande de altas e a alegria de cada paciente ao ir se recuperar em casa. Ao mesmo tempo, todo óbito é muito difícil. É um trabalho desgastante, mas continuamos dando o nosso melhor diariamente”, afirmou Hivina.




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