Cotidiano Titulo
Abrem-se as cortinas...
Rodolfo de Souza
25/10/2018 | 07:00
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 Em meio a uma onda de medo que, repentinamente, tomou de assalto esta Pátria de faz de conta, um fiapo de esperança desponta hirto, soberbo como a papoula que foi capaz de levar a acreditar na vida os soldados que deram o sangue na Primeira Guerra Mundial.

Mas onde diabos pretende chegar com este belo discurso? – indagará o leitor impaciente. Minha intenção é, tão somente, conduzir o amigo a uma viagem por um lugar, mais propriamente para uma festa, onde se deu um espetáculo promovido por crianças e adolescentes. Simples, mas lindo, carregado de um significado, cujo entendimento necessita de muita sensibilidade, bem própria do profissional que esteve envolvido até o pescoço com tal empreitada.

Falo de uma mostra cultural em uma escola que conta com o brilhantismo de professores, normalmente feras em suas áreas, e que, quando se juntam para realizar algo totalmente voltado para a Cultura, não poupam esforços para dar o melhor de si. E se entusiasmam de verdade! Até porque, desde o frenesi na montagem e nos ensaios de danças e cantos, até o acabamento e a apresentação final, muito suor é derramado por essa gente determinada que não perde a esperança de ver mais humana esta Pátria de contrastes.

O tema escolhido, por si só, já fala alto no coração de quem ainda possui um. A Terra, planeta antes grande, agora pequeno, exaurida de suas forças, figurou como assunto nos trabalhos. Foram textos muito bem elaborados, peças teatrais, danças, jograis, enfim, crianças e jovens fazendo uso de diversas formas de linguagem para questionar e contestar a postura humana que coloca em xeque a sua própria existência. Falou-se também da intolerância oriunda do preconceito que domina a mente do homem desde que este se percebeu inteligente um dia.

E, a despeito dessa questão humana ou por causa dela, a garotada mandou bem. Soltou a voz, dançou e interpretou, dando ares de uma consciência que brota, cheia de vontade de crescer. E, convenhamos, está nas mãos dessa juventude o futuro deste solo e da humanidade. Por isso, só quem participou da montagem do espetáculo é capaz de entender estas palavras. Talvez aquele que compareceu para prestigiar, movido pelo orgulho de ver os filhos parte de tão belo trabalho, também tenha conseguido se emocionar.

A confraternização entre colegas e amigos, então, é outro fator, possivelmente o principal, que me conduziu, eufórico, a esta folha branca para despejar nela um sentimento que não se continha e que, por isso, necessitava ir a público para que outros dele se servissem. Diz respeito, pois, a pessoas que muito se empenham na árdua tarefa diária de levar o aluno à construção do seu conhecimento. Logicamente que me refiro ao professor, essa criatura espetacular, que já vê com certo receio o horizonte nefasto que se avizinha, embora conserve o bom humor, desdenhando sempre da sombra que ameaça sabotar toda a cultura construída em séculos de existência desta imensa Nação, e que costuma permear a vida de educadores e demais intelectuais.

Estão, pois, de parabéns professores e alunos por mais este evento, que só vem a engrandecer e expandir a inteligência ainda verde, carente da mão do profissional da Educação que se fez educador e que abraça o seu trabalho como ninguém.




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