A Braskem, empresa instalada no Polo Petroquímico de Capuava, na divisa entre Mauá e Santo André, recebeu ontem multa da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em decorrência da emissão de substâncias odoríferas para a atmosfera após o incêndio na unidade, ocorrido no dia 14. O valor da autuação é de 10 mil Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), correspondentes a R$ 212,5 mil. A empresa pode recorrer em prazo máximo de 20 dias.

O rompimento na tubulação superior de transferência de nafta craqueada causou o fogo e, durante as operações de rescaldo e limpeza da tubulação, forte cheiro de gás tomou conta do entorno, permanecendo no dia seguinte ao incêndio. Alguns moradores e trabalhadores dos arredores chegaram até a utilizar máscaras para conseguir respirar, como mostrou o Diário em reportagem publicada no dia 16.

Segundo a Cetesb, o cheiro de plástico queimado que impregnou no ambiente, em grandes concentrações – por exemplo, em um quarto fechado –, pode causar danos à saúde, como mal-estar, dor de cabeça, enjoo, entre outros sintomas. Em local aberto, com ventilação, o impacto é menor.

Por determinação da Cetesb, a Braskem deverá adotar medidas para que as operações de manutenção e reativação da produção não voltem a causar poluição atmosférica com emissão de substâncias odoríferas perceptíveis fora dos limites da fábrica. Embora não tão forte como ocorreu depois do incêndio, o cheiro que sai do Polo é reclamação constante de quem convive nas proximidades, como o Diário já mostrou diversas vezes.

A petroquímica terá também que apresentar relatório apontando as falhas que resultaram no incêndio e as medidas preventivas a serem implementadas para evitar outras ocorrências.

Procurada para comentar sobre o assunto, a Braskem disse que “acatará a determinação final do órgão” e formalizará os esclarecimentos técnicos sobre o incêndio. A empresa informou ainda que não há prazo para retomada das atividades. “A Braskem segue empenhada em garantir a volta ao trabalho na unidade industrial com segurança”, concluiu.

MEDIÇÃO

Neste mês, entraram em operação os equipamentos que medirão o nível de poluentes e identificarão quais são os agentes químicos presentes na região do Polo Petroquímico.

A iniciativa é uma parceria da pesquisadora e professora de Endocrinologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Maria Angela Zaccarelli Marino com a USP (Universidade de São Paulo). A docente é autora de estudo que apontou que os poluentes emitidos pelo complexo seriam a causa de doenças da tireoide na população residente próxima ao local.