A escolha do senador Álvaro Dias para vice de Serra era profundamente imoral. Não por Álvaro, nem pela chapa; mas pela tentativa de, usando um irmão, evitar que o outro reforçasse a candidatura de Dilma Rousseff no Paraná. Não se discutiu, na escolha do vice, currículo ou competência, nem sequer ideologia (pois Álvaro Dias já foi Lula desde criancinha): discutiu-se uma relação familiar que pudesse ser aproveitada em campanha. Feio, muito feio.

O comando da candidatura Dilma assistiu a tudo com tranquilidade. Na hora exata, quando Álvaro Dias já era o candidato a vice de Serra, quando os principais aliados do candidato oposicionista ameaçavam retirar o DEM da coalizão, quando já não havia tempo para mudar e escolher outro nome com calma, mostraram suas cartas: Osmar Dias saiu candidato ao Governo paranaense, apoiando Dilma, puxou o tapete do querido irmãozinho Álvaro Dias e deixou Serra pendurado na brocha. A oposição acabou escolhendo para vice um político jovem que pode ser ótimo, que pode ser uma revelação, mas que ainda é o famoso quem.

Há alguns anos, dizia-se que a UDN, que reunia políticos de alta escolaridade, era um partido burro formado por homens cultos. E seu adversário principal, o PSD, que ganhava as eleições, era um partido inteligente formado por homens incultos. O PSD não tentava ser mais esperto do que os fatos: como dizia um de seus caciques, Tancredo Neves, esperteza, quando é demais, come o esperto.
Para Álvaro Dias, resta lamentar a bola nas costas. E esperar que seja só uma.

FOI FEIO, FEZ FEIO

O PSDB escolheu Álvaro Dias para neutralizar o candidato de Dilma no Paraná. Criou uma tremenda crise na aliança e não neutralizou candidato nenhum.

LEMBRANDO O JÔ

É uma hora boa para lembrar o índio, um antigo personagem de Jô Soares: "Aí Serra pega índio e ó".

PROBLEMAS, PROBLEMAS

Mas as dificuldades do PSDB para escolher um vice devem ser reconhecidas. Queriam um político honesto.

REUNIÃO PETISTA

O encontro acabou sendo cancelado. Foi uma pena. Mas a agenda de Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo paulista, previa para quinta-feira, às17h, em Campinas, um encontro com Dilma Rousseff e o Movimento Pluripartidário de Prefeitos pró-Dilma, seja lá isso o que for. O local, que não poderia ser mais apropriado para uma reunião petista, era o Paço dos Nobres.

O SEU A SEU DONO

O vencedor do bolão para o jogo Brasil x Chile, organizado pelo pessoal mais graduado do governo federal, foi Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete do presidente Lula. O prêmio foi uma cachaça Maria da Cruz, produzida nos alambiques do vice-presidente José Alencar. Segundo o bem-informado colunista Aziz Ahmed, do Jornal do Commercio do Rio, Gilberto Carvalho, pouco chegado a destilados, destinou seu prêmio a Lula.
Há pessoas especiais, que sabem dar presentes que comovem quem os recebe.

LG, RESPEITO FORÇADO

A multinacional coreana LG, cujos televisores Time Machine apresentaram em massa um defeito de conserto caríssimo, acaba de assumir compromisso com o Ministério Público do Estado do Rio de resolver o problema em 48 horas, consertando o aparelho a domicílio, na casa do cliente. Se a LG não cumprir o compromisso, estará sujeita à multa diária de R$ 50 mil. Resumo da história, narrada nesta coluna em 20 de junho: os televisores de repente param de funcionar e, levados à assistência técnica, nem são abertos, pois o defeito é conhecido e sempre o mesmo. O conserto custa entre R$ 600 e R$ 750. E, até agora, com a intervenção do Ministério Público, a LG ignorava tranquilamente seus consumidores.