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De Caminho da Estação a ícone da cidade

Rua Visconde de Inhaúma se tornou, com o tempo, referência comercial em São Caetano

Bia Moço
Diário do Grande ABC
09/08/2020 | 23:59
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André Henriques/DGABC


Um ícone para a cidade. Foi assim que comerciantes e moradores de São Caetano resumiram, em unanimidade, a importância da Rua Visconde de Inhaúma, que corta os bairros Nova Gerty e Oswaldo Cruz. Com extensão aproximada de 1,2 quilômetro, a via, que deixa claro seu viés amplamente mais comercial do que residencial, se tornou – pelo menos para os frequentadores –, mais importante do que o Centro da cidade, sobretudo pelo fácil acesso e a oferta variada de serviços.
 

Mesmo que o caminho esteja quase que totalmente dedicado ao comércio, há ainda residências que sobreviveram, seja por tradição ou por gosto. Atualmente, o logradouro conta com seis casas, dois terrenos e 190 apartamentos. No entanto, entre os pontos destacados pela população como de importância para a via, o principal fica por conta dos 212 comércios registrados na administração municipal, já que a rua reúne, de ponta a ponta, todos os tipos de estabelecimentos que as pessoas podem precisar, desde o ramo alimentício, passando por centros médicos, farmácias, bancos, lojas e até mesmo assistências técnicas.
 

Outro elogio à via é o fato de passar linha de ônibus municipal, inclusive com diversos pontos de parada ao longo da extensão, o que facilita a chegada e saída do local. Os frequentadores e donos de estabelecimentos pontuam ainda a segurança, relatando não se lembrarem de roubos e furtos na rua, destacando ainda o trabalho da GCM (Guarda Civil Municipal), que se faz presente ao longo do dia.
 

Morador e comerciante da Visconde de Inhaúma há 21 anos, Fabio Eleuthério dos Santos, 47, foi uma das pessoas que elencaram os principais pontos positivos da rua, e valoriza estar há tantos anos no mesmo local, o qual afirma ter mudado a vida dele e de sua família. “Vim do Rio de Janeiro com minha mãe e irmão, já que meu tio havia aberto essa loja (Carioca Copiadora) para nós. Foi muito bom, desde sempre, ter aceitado estar aqui.”
 

Santos relata que a via passou por diversas mudanças desde que chegou na cidade, em 1999, mas que as transformações são anteriores a isso. “Toda essa rua era de paralelepípedo e, por ser o local mais alto de São Caetano, o arredor era cheio de morros. Sei disso por fotos que meu tio me mostrou”, explica. E afirma que, posteriormente, ele pôde observar o crescimento, sobretudo comercial, de perto. “Aqui tem um rodízio de comércios enorme. É um lugar muito conhecido, bom, seguro e que mantém tradições, principalmente com estabelecimentos antigos.”
 

O comerciante resume a Visconde de Inhaúma como ponto de referência de São Caetano. “Sempre ouvimos alguém falando que tal lugar fica perto da Visconde. As pessoas costumam vir mais para cá, que é mais perto de tudo e mantém todos os tipos de serviço, do que ao Centro da cidade”, comparou.
 

Fabio Santos garante que a união da população do bairro, sobretudo os comerciantes, chamou sua atenção durante o período de pandemia. “Incentivamos o consumo local, um comprando do outro, indicando o colega, fazendo, assim, girar a economia da cidade e, consequentemente, da nossa rua”, disse, orgulhoso.
 

Como nem tudo são flores, Santos, assim como os demais comerciantes, critica apenas a falta de estacionamento na rua, já que a reforma para ampliação de calçadas, em 2005, embora tenha sido positiva para que houvesse mais espaço para as pessoas caminharem, atrapalhou o acesso de quem vai para o local de carro.

HOMENAGEM - O primeiro nome da via era Caminho da Estação, ainda quando São Caetano era um distrito de São Bernardo. Depois foi renomeada como Rua da Boa Vista e, por fim, na década de 40, recebeu o nome atual como homenagem a Joaquim José Inácio, o Visconde de Inhaúma (1808 – 1869), oficial naval, político e monarquista, sendo também um dos comandantes das forças aliadas durante a Guerra do Paraguai.

Ben-Hur é relíquia na ‘calçada das estrelas''''''''''''''''

A Rua Visconde de Inhaúma tem duas mãos, porém, um dos lados pode ser considerado como a calçada das estrelas, sobretudo por reunir os comércios mais antigos do local. Entre eles, o título de relíquia da via pode ser conferido à Padaria Ben-Hur, que há 54 anos é a queridinha da população do bairro Nova Gerty.
 

Fundada em 1966, a panificadora caiu nas mãos de Pedro Martin e Therezinha Rocchi Martin, 91, um ano depois. O casal, desde então, aprimorou o serviço, o qual rendeu frutos, já que, atualmente, seis dos sete filhos do casal (Pedro, Mario, Angelo, Therezinha, Anna, e João – Lourenço, 64, mora em Botucatu, no Interior do Estado) mantêm o local vivo, e com “clientela fiel”, conforme relataram.
 

Ouvidos pelo Diário, os irmãos Martin se dizem “enraizados”. Pedro Filho, 66, é o primogênito. Orgulhoso de sua história, ele contou toda a evolução que a Ben-Hur passou ao longo de cinco décadas. “Na época em que a padaria foi fundada, estava passando o filme Ben-Hur no cinema, inclusive aqui na frente, na Fundação Belas Artes. Então, as crianças da escola Rio Branco (ao lado da padaria) votaram no nome, e ficou até hoje”, conta, lembrando que, no início, o local era pequeno, mantendo somente um terreno, que hoje equivale à parte da frente do espaço. “Com o tempo, adquirimos outros quatro terrenos e fomos ampliando a padaria, assim como a oferta de serviços”, explica.
 

Therezinha Natalina, 60, acredita que o sucesso do estabelecimento vai além de amor e união da família ao trabalho. “Há 54 anos a Ben-Hur é reconhecida pela qualidade e vasta oferta de produtos e refeições. Devemos esse sucesso, principalmente, aos clientes e funcionários, porque sem eles não sobrevivemos. Não à toa, dois dos 40 funcionários estão há 40 anos conosco”, conta ela, orgulhosa.
 

A família, que hoje mora, em sua maioria, na região central de São Caetano, residiu na Visconde de Inhaúma, em terreno que hoje dá espaço ao cemitério de azulejos, na altura do 854. Os irmãos relembram que, antigamente, quando começaram a padaria, a rua tinha mais seis concorrentes. Angelo Carlos, 61, relata que, entre as principais mudanças, o crescimento comercial foi o mais chamativo. “Aqui é um lugar muito bom. É mais alto do que o resto da cidade, bem localizado e de muito fácil acesso. A Visconde de Inhaúma é, sem dúvida, a melhor rua de São Caetano”, diz.

Boa localização é principal atrativo para comerciantes

A Rua Visconde de Inhaúma é repleta de comércios e conta com rotatividade de lojas disputando por pontos. Conforme proprietários dos estabelecimentos ouvidos pelo Diário, a escolha do local está atrelada, sobretudo, à boa localização.
Munir Abedouni, 56 anos, abriu uma loja de variedades em 1996. Morador de São Bernardo, ele afirma que sua maior vontade é encontrar um imóvel para residir na rua em que trabalha, não só por facilidade, mas por gosto. “Quando fui abrir um ponto, rodei o Grande São Paulo inteiro. É coisa do destino mesmo, porque aqui foi o último lugar que vim conhecer, e não tive dúvidas de que seria o ideal”, lembra. Para ele, a Visconde de Inhaúma é uma rua “vital”. “Aqui é a Avenida Paulista (da Capital) de São Caetano. A cidade não teria nem graça sem essa rua. Aqui tem de tudo, é um ponto muito forte, alto e muito gostoso”, elogia Abedouni.
 

Dono da loja de calçados Zé do Shalako, José Antonio Montilha, 69, afirma que a procura por pontos disponíveis na rua é disputa antiga. Há 50 anos no mesmo local, ele destaca que ter todos os tipos de serviço no mesmo lugar é um dos atrativos para que mais empreendedores queiram um espaço. “A Visconde de Inhaúma é ponto fortíssimo de referência”, exalta o comerciante.

CARTÃO POSTAL - Prefeito do município, José Auricchio Júnior (PSDB) caracterizou a Visconde de Inhaúma como principal cartão postal da cidade. O chefe do Executivo acredita que a via foi essencial para o crescimento da cidade. “Sua concepção comercial contribui significativamente para o avanço do município. São centenas de estabelecimentos de diversos ramos da atividade econômica instalados em uma região de fácil acesso aos moradores de todos os bairros. Portanto, é um forte símbolo da nossa economia. E, como tal, tem o merecido tratamento do poder público.”




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