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Moradores cobram solução para desabastecimento de água

Depois de problemas com cor escura, população relata falta de água há uma semana em bairros de Santo André

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
04/05/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Após sofrer com água escura, moradores de Santo André reclamam de torneiras secas há quase uma semana. A população cobra esclarecimentos do poder público sobre a situação, que tem causado desde dificuldades para suprir as necessidades do dia a dia até prejuízos financeiros, com a perda de clientes. Especialista em direito do consumidor observa que as pessoas devem guardar protocolos e comprovantes para exigir seus direitos junto às companhias de abastecimento.

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) alega que o problema na cidade é fruto da redução do envio de água pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A empresa estadual, por sua vez, observa que a ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande está voltando gradativamente à sua capacidade total de produção, após o processo de tratamento da água turva. A expectativa é a de normalização da distribuição de água na rede de abastecimento nos próximos dias.

A secretária Sandra Robles, 56 anos, diz que a falta de água estava ontem no quinto dia na Rua Juquiá, Vila Assunção. Ela diz, ainda, que o cheiro continua forte. “Estou sofrendo para lavar louça, roupa e fazer comida. Precisei comprar água no mercado para suprir essa falta”, ressalta. Ela disse que tentou contatar o Semasa, mas não houve previsão para regularizar o problema.

Já a cabeleireira Gisele Capelli, 34, relata que precisou desmarcar clientes por conta das torneiras secas. “Quando liguei no Semasa, descobri que minha água tinha acabado na quinta-feira passada e só descobri no sábado, com o salão cheio. Tive muito prejuízo”, lamenta.

Advogado especialista em direito do consumidor de Santo André, Jairo Geraldo pontua que o fornecimento de água precisa ser eficiente por ser essencial. “A falta de água continuada gera uma grande falha nos direitos do consumidor. É fundamental que os moradores utilizem todos os meios de reclamação para conseguirem respaldo, além de guardar todo o acervo de protocolos e chamadas de contatos que fizerem com as companhias”, observa.

PROBLEMA

Devido às fortes chuvas ocorridas em março e abril houve extravasamento da Represa Rio Grande (onde há a captação de água) para a Represa Billings, o que provocou alteração brusca e substancial na característica da água do manancial utilizado para tratamento. Principalmente a quantidade de ferro, manganês e o nível de cor da água bruta atingiram valores inéditos na história do manancial. A ETA Rio Grande produz 5.500 litros de água por segundo, abastecendo 1,5 milhão de pessoas nas cidades de São Bernardo, Diadema e parte de Santo André.

A Sabesp e o Semasa se comprometeram a conceder descontos aos clientes do Grande ABC que têm recebido água escura. A Sabesp informou que não vai cobrar dos clientes afetados a água consumida entre os dias 17 e 25 de abril nas cidades abastecidas pelo sistema. Os moradores devem solicitar o benefício por meio do telefone 0800 0119911. A empresa avaliará o caso para conceder a isenção nas contas geradas entre 25 de abril e 24 de maio. Já em Santo André os moradores podem pedir desconto em um dos postos do Semasa com a conta de abril.

 Acordo com a Sabesp visa resolver falhas no município

Depois de concretizar termo de protocolo de intenções, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), afirmou que irá propor à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) investimento da ordem até R$ 700 milhões para modernizar a rede de distribuição de água da cidade. Segundo o tucano, o equipamento antigo é o principal gerador de perda de água, com vazamentos que desperdiçam cerca de 42% do volume adquirido por metro cúbico no atacado da própria empresa estatal.

O governo, por meio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), avalia que o montante necessário para realizar a reforma da rede deve variar de R$ 500 milhões a R$ 700 milhões. Esse item tende a integrar a lista de pleitos do Paço para encaminhar acordo com a Sabesp, que cobra dívida de R$ 3,4 bilhões do munícipio – quantia referente à diferença do valor da tarifa em relação ao que foi efetivamente quitado.

Paulo Serra pontuou que há necessidade de investimento na tubulação da cidade para que se possa garantir a qualidade do abastecimento. Santo André tem sofrido com períodos de falta d’água.

O problema havia diminuído, mas voltou à tona no início do verão deste ano. Por isso, a ideia do prefeito é a de incluir esse debate nas tratativas com a Sabesp. “A falta de água está ligada a perdas e nós perdemos 42% da água (na rede). E não se pode aumentar a pressão, pois a água vaza. Nossa rede é antiga”, alegou o tucano.

 

O passivo contraído, que se arrasta desde a década de 1990, é um dos principais fatores que influenciam a falta de investimentos nas tubulações. Essa dívida inviabilizou os investimentos nos últimos 20 anos, então, não se investiu na rede”, destacou o prefeito.  




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