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O pensamento vivo de Philadelpho Braz

A partida de Philadelpho Braz, em 17 de novembro de 2009, continua a repercutir. Apenas quem conviveu minimamente com ele consegue...

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
06/01/2010 | 00:00
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A partida de Philadelpho Braz, em 17 de novembro de 2009, continua a repercutir. Apenas quem conviveu minimamente com ele consegue aquilatar a importância que Philadelpho teve na transformação hodierna do Grande ABC. Era ele o sindicalista, o historiador, o agitador cultural e popular.

Gostava de escrever, e não apenas sobre política e sindicalismo. Caminhava o dia inteiro pela sua Santo André - se fosse longe, pegava o ônibus: sabia de cor o número das linhas que precisava. Repartia o que descobria e o que lembrava. Indicava pessoas a serem entrevistadas. Identificava fotos e elucidava passagens. Orientava autores acadêmicos e não acadêmicos. Semanalmente vinha à redação, às vezes apenas para perguntar como estava este repórter; outras vezes para um almoço no restaurante do japonês, na Rua Senador Flaquer. E tome memória.

Às vésperas da última internação, fez João de Deus portador de um pacote a mim endereçado: contem seus manuscritos. Agora que se foi, brota a ideia de se escrever um livro, assinado por ele e chamado O pensamento vivo de Philadelpho Braz. Porque esse pensamento está vivo nas suas reminiscências escritas, nas entrevistas que deu aqui no Diário, nas mesas-redondas de que participou, nas entrevistas gravadas para o sistema de televisão que nasce no Grande ABC, e do qual ele participou, nos jornais laboratórios das faculdades de comunicação, nas agendas que deixou focalizando, dia após dia, as suas tarefas como secretário-geral dos Metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Material é que não falta.

Hoje, dois exemplos: as fotos que José de Souza Martins tirou de Philadelpho por ocasião do Congresso de História do Grande ABC realizado em 2006 em São Bernardo; e o texto-homenagem do Alexandre Takara. Philadelpho merece; e todos nós só temos a aprender com ele, mesmo agora que partiu.

O que não se pode perder é todo o material que ele deixou.

A memória viva do sindicalismo

Texto: Alexandre Takara

A vida de Philadelpho Braz é um vasto painel político/sindical. Tenho-o em alta conta. Um operário que se fez na luta: um aço incandescido e forjado na bigorna da vida.

Vem o governo militar em 1964. Este governo decreta intervenções nos sindicatos mais atuantes, entre eles, o dos Metalúrgicos de Santo André. O Phila era secretário. Foi deposto e preso, ao lado de ilustres companheiros - Miguel Guillen e Marco Andreotti. Liberto em 1967, os companheiros o incentivam a candidatar-se novamente ao cargo de secretário-geral. Foi eleito, mas agentes da ditadura militar impediram-no de tomar posse, face ao recurso interposto por associados do sindicato, da chapa oposta, que alegaram, entre outros motivos, "sua conivência e participação no processo subversivo interrompido pelo movimento revolucionário das Forças Armadas".

Em 1999, Phila procurou-me. Nessa oportunidade, a Secretaria de Cultura de Santo André abrira inscrições para o financiamento de obras originais, promovido pelo Fundo de Cultura do Município. Ele pediu-me auxílio na elaboração de um projeto: publicar uma coleção de livros, denominada A Cultura e os Trabalhadores. Foi aprovado, publicado e lançado no Museu de Santo André, presente um imenso público de admiradores. Não é sem razão que ele é cognominado memória viva do sindicalismo no Grande ABC.

Jornalista Antonio José Pedroso envia esta foto de 1969 com o texto-legenda que se segue:

"Parece que foi ontem, mas já se passaram 40 anos. A foto foi tirada em uma churrascada no Município de Atibaia na chácara dos ‘Dall'Anese' por Yoji Agata e documenta um momento importante da história do Clube Recreativo Esportivo Tamoyo, de São Caetano. Da esquerda para direita: Oswaldo Rissi, Leonardo Luvisoto (Nardão), os ex-presidentes Pedro Domingos Sasso, Ademar Siorilli e o então presidente Antonio José Dall'Anese, que depois viria a ser eleito prefeito de São Caetano (1993-1996) e o então diretor comercial do Jornal de São Caetano, Antonio Julio Pedroso de Moraes, que também viria a ser diretor de relações públicas do Tamoyo, editando o jornal de comunicação interna do clube denominado O Índio.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Domingo, 6 de janeiro de 1980

Abastecimento - Preço da carne bovina aumenta 9,2% na região.

Cinema - A onda agora é o Super 8. Wilson Pereira Cardoso assina uma coluna sobre o tema no Diário. Cursos de super 8 são organizados. A era do vídeo ainda estava por vir. Há 30 anos não se falava em vídeo, muito menos em CD e DVD.

EM 6 DE JANEIRO DE...

1880 - Chuvas provocam a queda de barreiras na Serra do Mar, prejudicando o tráfego de trens da São Paulo Railway.

1940- Fundado o Esporte Clube Vinte de Setembro, de São Bernardo, na Linha Jurubatuba, hoje Bairro Assunção.

1970 - Prefeitura de São Caetano inclui o peixe na merenda escolar.

HOJE

Dia dos Reis Magos

Dia da Gratidão

Dia de desmanchar a árvore de Natal e o presépio

Trabalhadores

Nascem em 6 de janeiro:

1 - Manoel Rodrigues. 1884. Funchal, Portugal. Operário da Rhodia.

2 - Luiz Antonio dos Santos. 1904. Jundiaí. Servente da indústria Fernando Hackradt & Cia.

3 - João Sanches Martins. 1905. Almeria. Espanha. Torneiro da Atlantis.

4 - Amador Puga de Godoy. 1908. São João da Boa Vista. Industriário da Rhodia.

5 - Rosa Martins Prado. 1909. Araraquara. Servente de fabricação da CBC.

6 - José Arraes Aranzana. 1909. Espanha. Industriário da Quimbrasil.

7 - Theodoro Ramos. 1913. Cravinhos. Pedreiro da Alca.

8 - Joana R. Santos. 1914. Industriaria da Fábrica de Adubos Adri.

9 - Nelson Pinto Araújo. 1931. Boituva. Industriário da Atlantis.

SANTOS DO DIA

Reis Magos, André Corsino e Nilamão.

O cromo representa a Epifania do Senhor, festa religiosa cristã celebrada no dia 6 de janeiro.

Crédito da estampa: acervo Vangelista Bazani (Gili) e João de Deus Martinez.




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