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Kung fu tradicional é ensinado no Pq.das Nações

Em Santo André, academia ensina arte marcial e princípios familiares desde 2009

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/05/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O Parque das Nações, localizado em Santo André, abriga uma das mais tradicionais academias de kung fu da região. Uma das unidades da Peng Lai Brasil, rede que também está presente no Taiwan e nos Estados Unidos, foi fundada no bairro em 2009.

O diretor e professor, Luiz Leonardo de Sousa, 41 anos,natural do Piauí, pratica artes marciais desde 1992. Ele é o idealizador dos Jogos Pan-Americanos de Kung Fu, que serão sediados em Santo André em julho.

“No início nem pensei nesse nome, só queria fazer o primeiro campeonato de kung fu tradicional aqui em Santo André, até porque foi a primeira cidade do País a ter uma academia do esporte. Busquei a parceria da confederação e o apoio da Prefeitura e acabou se tornando um evento enorme”, disse.

A partir do dia 7 de julho, as delegações de atletas dos outros países começam a chegar. Até agora, dez estão confirmados, entre eles Argentina, México, Peru, Estados Unidos, Chile e Trinidad e Tobago.

A abertura da competição acontece no dia 10, no Ginásio Pedro Dell’Antonia, onde serão disputadas as lutas até o dia 13.

Sousa, que atualmente é um dos auxiliares técnicos da delegação brasileira, foi o pioneiro ao trazer o ouro para o País. “Na primeira competição da qual participei, na China, já consegui trazer uma medalha dourada.”

Todo o interesse pelo esporte começou por causa do cinema. O ator e instrutor de artes marciais Bruce Lee (1940-1973) chamou a atenção de Sousa quando ele tinha 12 anos. Após completar a maioridade, tinha certeza do que queria fazer. “Sempre tive o sonho de ser professor. Depois de treinar karatê no Piauí, vim para (o Estado de) São Paulo com 18 anos e fui morar em São Caetano. Em 1996, comecei a treinar kung fu tradicional e estou nele até hoje.”

Esse tipo de luta engloba todas as artes marciais e principalmente flexibilidade, força e movimentos complexos. O aluno tem contato com bastões, lanças, leques, espadas e facões, instrumentos milenares asiáticos.

Com aulas ministradas de segunda a sábado, a academia mantém princípios familiares dentro do espaço na Rua do Oratório. O professor é tratado como shifu, palavra que significa mestre-pai. “A partir do momento em que as pessoas entram por essa porta, são todas iguais. Somos uma grande família, os alunos mais velhos cuidam dos mais novos, afinal, todo o mundo passou pelas dificuldades do início”, disse Sousa.

O professor também afirmou que há um grande interesse de mulheres, que totalizam 30% dos praticantes. As aulas são mistas e o treino é igual para todos.

Para quem está em idade escolar, há outra exigência. As notas têm de estar em dia e o boletim é conferido pessoalmente por Sousa. Para estimular a leitura, biblioteca com clássicos como Anna Karenina, do russo Liev Tolstói, e Conto das Duas Cidades, do inglês Charles Dickens, é mantida na escola. “No fim do ano, quem tirou as maiores notas e leu mais livros ganha um prêmio. É uma forma de estimular o conhecimento.”

Alfaiate trabalha com a mulher há 30 anos no bairro

O centro comercial do Parque das Nações é um dos mais tradicionais de Santo André. Antigas lojas de tecidos e para revelação de fotos dividem espaço com os modernos comércios de presentes a R$ 1,99, entre outros estabelecimentos.

Quem resiste no local há 30 anos é o alfaiate Paulo Nobre, 60 anos, que atualmente é o único que atua no bairro. “Tenho 40 anos de profissão. Quando cheguei aqui, eram muitos alfaiates, até acabamos virando amigos. Hoje em dia sou só eu.”

Ele trabalha com a mulher, Lídia Pinho Nobre, 60, desde que se casaram, há 40 anos. Ambos são andreenses e Lídia tinha largado o ofício de costureira quando conheceu Paulo. “Quando casamos, voltei a exercer e começamos a trabalhar juntos. Com o tempo ele me ensinou a exercer a alfaiataria e vi que era totalmente diferente”, disse Lídia.

Segundo ela, além do grande número de lojas que vendem ternos, as várias costureiras que atuam hoje na cidade são responsáveis pela redução no serviço. “A alfaiataria é diferente, é bem mais trabalhada, feita sob medida, não só uma simples barra ou ajuste. Muitas pessoas não entendem isso.”

Mesmo com as dificuldades, o casal mantém clientes fiéis no bairro. Um dos destaques são os vestidos de festa feitos sob medida e os casacos que são vendidos na época do inverno. O tecido é escolhido pelo cliente.

“Lembro que quando cheguei aqui, não tinha a linha do trólebus e eram poucos comércios. Desde que o corredor chegou, as pessoas também costumam ir mais para o Centro. Mas tenho a minha clientela e confiamos na nossa qualidade”, disse Nobre.

Colecionador tem acervo de 5.000 discos

Além do esporte, a música também tem seu lugar no Parque das Nações. O colecionador Jean Lazare Gandinis, 55 anos, tem um acervo de 5.000 discos de vinis, a maioria deles de rock’n’roll.

Ele é proprietário da loja Metal Music, localizada no Centro da cidade, e guitarrista da banda de rock Montanha. A história com a música começou cedo. “Foi em 1974. Era adolescente e qualquer dinheiro que ganhava era para comprar disco. Além disso, tinha um cunhado meu que gostava de rock e me levou para ver o Alice Cooper. Todos os meus amigos gostavam de Jimi Hendrix. Aí veio o mosquito do rock’n’roll e te pica”, disse.

Até hoje ele lembra do primeiro disco que comprou, aos 14 anos. O Led Zepellin 2, da banda homônima, foi lançado em 1969. Atualmente ele possui toda a discografia.

Mesmo com tantos vinis, Gandinis afirmou que ainda há muitos discos raros no mercado. “Tem uma gravadora que se chama Vertigo, cujo símbolo é uma espiral. Esses discos costumam ser bem caros. Tem um que não consegui comprar até hoje que se chama Heavy Equipament, da banda Euclid. Ele é da década de 1970 e está custando por volta de R$ 3.000.”

Na sua coleção, ele elege como os mais raros as primeiras edições de discos do Black Sabbath e uma edição na cor turquesa do Led Zepellin. O valor estimado, segundo ele, fica em torno de R$ 3.000 cada.

A paixão pelos discos fez com que Gandinis escolhesse sua profissão. No comércio há camisetas, instrumentos musicais e, claro, vinis. “Só abri a loja porque dispus de cerca de 500 discos da minha coleção. Depois fui comprando de volta, e não penso em fazer outra coisa. Sou apaixonado pelo que faço.”




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