“A aroeira e o ipê-roxo eram madeira dos postes que sustentavam as linhas telefônicas entre São Paulo e Santos, ao lado da velha Estrada do Mar, os chamados monstrengos removidos das hoje avenidas Caminho do Mar, José Fornari, Vergueiro e Marechal Deodoro na administração Hygino de Lima.”

Cf. Nevino Antonio Rocco, advogado de São Bernardo; página Memória, 18-1-2016.

Há 100 anos o Grande ABC dava os primeiros passos rumo à industrialização e à urbanização, mas de maneira muito tímida. Havia desemprego. Trabalhar na ferrovia era uma das poucas boas opções. Fábricas eram poucas. Do mais, o trabalho na terra.

Havia moços que capturavam pássaros em arapucas para revenda em gaiolas no mercado antigo de São Paulo, o que os levava a longas caminhadas até a Capital. O Grande ABC seria chamado, anos depois, de “São Bernardo, a terra dos passarinhos” pelo professor e folclorista Rossini Tavares de Lima (1915-1987).

Os meios de comunicação eram precários. Caso dos Correios.

A PRECARIEDADE DOS CORREIOS

O Estadão traz uma carta de leitor de Santo André que diz bem do problema. Segundo o missivista, cujo nome é omitido, em 1916 havia uma agência de correio na Vila de São Bernardo, atual Centro de São Bernardo “do Campo”. E para servir aos moradores da Estação de São Bernardo, atual Centro de Santo André, o administrador dos Correios decidiu ali instalar uma segunda agência. Foi o que fez, e aqui está a queixa.

A agência de Santo André foi posta a um quilômetro de distância da estação, no meio de um pantanal, fora do caminho da estação.

Escreve o leitor: “Os moradores da Estação, além de atravessarem o referido pantanal, se não chegam à agência antes das 9h têm que voltar no dia seguinte”.

Outra queixa: o agente da agência andreense não distribuía a correspondência. Cartas ficavam oito ou mais dias em seu poder, até serem retiradas.

QUINZE ANOS DEPOIS...

Em 1931, o problema da localização da agência Santo André dos Correios estava solucionado. E a linha Santo André a São Caetano ganhava estações telefônicas instaladas pela CTB (Companhia Telefônica Brasileira).

A inauguração das duas agências realizou-se em 17-1-1931. O prefeito Armando Setti compareceu. O correspondente do Estadão e diretor do jornal local O Progresso, Raul Votta, também. E o correspondente escreveu:

- Com a inauguração das duas estações, Santo André e São Caetano ficaram absolutamente independentes da Estação de São Bernardo (Vila), à qual se achavam ligados todos os telefones existentes nas várias localidades deste município.

- A estação de São Caetano possui mesa de ligações ‘Western Electric 9 C’, com capacidade para 200 assinantes. Circuitos interurbanos: para São Paulo, dez; para Santo André, seis; para São Bernardo, dois. Assinantes atuais: 58.

- A estação de Santo André possui mesa de ligações do mesmo tipo e mesma capacidade. Circuitos interurbanos: para São Paulo, dois; para São Caetano, seis; para São Bernardo, quatro. Assinantes atuais: 110.

- Os circuitos que ligam entre si as três localidades do município, e estas à Capital, foram construídos de acordo com os mais rigorosos preceitos da técnica telefônica moderna, sendo inteiramente de cobre.

- Em breve será ligado um circuito direto para Santos.

De fato, gigantescos postes de madeira seriam fincados na Estrada do Vergueiro, de São Paulo a Santos, cruzando Rudge Ramos, Centro de São Bernardo e Riacho Grande, então Rio Grande, com fios telefônicos. Os postes fariam parte da paisagem por 30 anos, até serem retirados nos anos 1960.

PROBLEMAS

Mas, em 1931, com as duas novas estações telefônicas, os problemas de comunicação seriam resolvidos? Em parte. Mas havia um problema grave, narrado pelo mesmo correspondente do Estadão:

- O prefeito Armando Setti questiona cláusula do serviço telefônico interurbano do município, considerado oneroso. Um telefonema entre Santo André e São Caetano, distantes 12 quilômetros, custará $ 500 pelos primeiros três minutos e mais $ 360 ou $ 400 para cada três minutos excedentes. Quase a mesma taxa dos assinantes em São Paulo, ligados a mais de 30 mil aparelhos – e nós pagamos uma sobretaxa para falar a uma centena de telefones – só.

Cf. O Estado de S.Paulo, 12-2-1931.

ASSIM...

Era 1931, tempo da CTB. O Grande ABC levaria quase 30 anos para ter a sua própria companhia telefônica, a CTBC, que faria história, mas acabaria absorvida pelo sistema multinacional de telefonia, bem antes da febre dos celulares.

News Seller há 50 anos

Quinta-feira, 17 de fevereiro de 1966 – ano 8, nº 406-A

Manchete – Operários da Kowarick aflitos: firma levanta dinheiro e não paga

A antiga fábrica de casimiras, no Centro de Santo André, inaugurada na última década do século 19, vivia momentos de dificuldades diante das novas tecnologias têxteis. Seiscentas famílias de operários temiam o fechamento da fábrica.

CINE SANTO ANDRÉ

Inaugurado em 1941, o Cine Santo André ficava na Rua Coronel Alfredo Flaquer, conforme noticiado por Memória na edição de domingo. Mas a sua localização, na via, era entre as ruas Abílio Soares e Francisco Amaro, e não Fernando Prestes. A informação foi prestada pelo leitor Alcinio Cranchi.

Hoje

- Dia do Patrimônio Histórico no Brasil

Em 17 de fevereiro de...

1846 – Dom Pedro II e a imperatriz Thereza Christina visitam pela primeira vez a Província de São Paulo. O casal desembarca no Porto de Santos, depois de visitar o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. E vence a Serra do Mar, provavelmente cruzando a Freguesia de São Bernardo.

1816 – O Visconde de Porto Seguro, Francisco Adolpho de Varnhagen, nasce na fábrica de ferro Ipanema, em Sorocaba. Historiador. Logo na sua primeira obra, <CF160>Notícia do Brasil</CF>, consegue localizar o túmulo de Pedro Álvares Cabral, na igreja da Graça, na cidade portuguesa de Santarém.

1916 – Por motivo de saúde, João Domingos Perrella, terceiro juiz de paz da região, passou a jurisdição do seu cargo a Emílio Cordes, primeiro suplente.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘Bombardeio de Schio, na Itália, por aviões austríacos provoca seis mortos’.

1971 – São Bernardo inaugura posto de puericultura no Jardim Silvina.

Santos do Dia

Os sete fundadores da Ordem dos Servitas: Alexandre Falconieri, Monaldi, Manetto, Bonaiuto, Amidei, Ugocioni e Sosteni. Viveram em Florença, Itália, no século 13. Eram chamados pelo povo de “Servos de Maria”.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza

- Rômulo

- Silvino

- Reginaldo de Orleans