Os taxistas do Grande ABC devem reajustar as tarifas da bandeirada ainda neste mês. A categoria, que na região possui 1.370 profissionais, já entregou ao Consórcio Intermunicipal planilhas em que sugere aumento de até 18% nas corridas.
"Fizemos quatro reuniões com os representantes e estamos aguardando resposta. Eles (os responsáveis pelo assunto dentro da autarquia) fazem a reunião e mandam o resultado para abrirmos negociação. A expectativa é que terça-feira já tenhamos resposta", diz Ademar Ferreira, presidente da Sindtaxi ABC (Sindicato dos Taxistas do Grande ABC).
O sindicalista diz que a categoria não consegue reajustar tarifas desde 2008 e argumenta que, atualmente, a região tem taxas muito menores do que as cobradas na Capital. O quilômetro rodado em corridas registradas na bandeira 1 - que vale das 7h às 20h - hoje é de R$ 2 e ficará R$ 0,40 mais caro, caso o reajuste seja aprovado no Consórcio. Já percursos realizados na bandeira 2 - entre 20h e 7h - passarão de 2,40 para R$ 2,83, aumento de R$ 0,43. A hora parada subirá de R$ 20 para R$ 25,96. A bandeirada, valor de saída marcado no taxímetro, deve permanecer em R$ 4.
Apesar de o percentual de reajuste superar, com folga, os 15,84% de inflação registrados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2008, quando houve o último reajuste, até agora a categoria argumenta que o índice é necessário para superar as defasagens e absorver também o período médio de dois anos que normalmente taxistas ficam sem reajuste.
"Tudo aumentou desde 2008 até aqui. Gasolina, etanol, gás, automóvel, tudo está mais caro, mas a bandeirada segue com o mesmo preço. Precisamos rever valores para não sair perdendo", diz Ferreira.
Caso o índice proposto pelos taxistas seja aprovado, o consumidor deverá se assustar ao pagar por percursos longos. O desembolso médio de uma corrida de 19 quilômetros - como do Centro de Santo André até o aeroporto de Congonhas, em São Paulo - subirá de R$ 42,71 para R$ 50,04.
No entanto, o sindicato argumenta que mais de 90% das corridas são curtas e que o cliente não deve sequer sentir a diferença.
O diretor de programas e projetos do Consórcio Intermunicipal, Claudio Deberaldine, afirma que o assunto já foi discutido em pauta pelos prefeitos e está sob análise do grupo de estudos da autarquia. No entanto, ele prefere não definir prazos para o anúncio da decisão. "Trabalhamos para solucionar o assunto o mais rápido possível", comenta.
VIDA DURA - Acostumados a fazer inúmeras corridas diariamente, os motoristas esperam que a decisão saia rápido. "Faz toda a diferença para nós", diz João Nonaka, taxista há 12 anos que diz fazer de 12 a 13 horas diárias de trabalho.
Vandeir Martins Sobrinho, há nove anos na lida, também aguarda o reajuste. Ele, que faz "turnos leves" de dez horas diárias, conta que o salário no fim do mês não é dos maiores, e que a família mesmo não desfruta do conforto do transporte. "Minha mulher só anda de ônibus."
O presidente do Sindtaxi avalia que o valor mensal recebido por um trabalhador do setor é de cerca de R$ 1.070 por mês. "Em um mês muito bom, dá para tirar R$ 2.000."
Valor de saída é mais caro do que o cobrado na Capital
Apesar de argumentar que o valor da bandeirada na região custa menos do que a cobrada na Capital, o preço do táxi no Grande ABC sai mais caro para o consumidor por conta do valor de saída do taxímetro, que lá é de R$ 3,50 contra os R$ 4 atuais cobrados aqui.
O quilômetro rodado, entretanto, sai em média R$ 0,10 menos tanto na bandeira 1 quanto na bandeira 2.
"Por enquanto, estamos também estudando porque os valores cobrados nas cidades do Grande ABC oscilam. Temos tarifas iniciais diferentes em cidades como Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande", avalia o diretor de programas e projetos do Consórcio Intermunicipal, Claudio Deberaldine.
O presidente do Sindicato dos Taxistas da região, Ademar Ferreira, nega divergências na tarifa e lembra que São Caetano, única cidade que em 2008 não reajustou tabela junto com as demais, corrigiu o problema logo em seguida. "Não há divergências. Temos, apenas, mais taxistas atuando nas cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano."
Segundo estimativas do sindicato, atualmente existem 420 taxistas em Santo André, 302 em são Bernardo, 270 em São Caetano, 140 em Diadema e mais a mesma quantidade em Mauá, enquanto Ribeirão e Rio Grande contam com 65 e 36 profissionais, respectivamente.
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