Setecidades Titulo
Corte de água quase pára na polícia
Roberta Nomura
Especial para o Diário
04/01/2006 | 08:17
Compartilhar notícia


O fornecimento de água da rua Aguapeí, no bairro Santa Maria, em Santo André, quase vira caso de polícia. Com a informação de que teriam o abastecimento cortado, moradores de seis residências permaneceram em frente às casas para impedir que funcionários do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) interrompessem o abastecimento no início da tarde de terça. A Guarda Municipal foi chamada e após quase três horas de negociação, a autarquia deu um prazo de 30 dias para os moradores das casas regularizarem a canalização de esgoto, que estaria prejudicando um imóvel na rua Abernesia.

Por volta das 12h, funcionários do Semasa bateram na casa de número 154 da Aguapeí. Ao abrir a porta, o aposentado Edvard José Bertho, 58 anos, foi surpreendido com a informação de que o abastecimento de água de sua casa seria cortado. “Fui o primeiro a saber e fiquei revoltado. Eles chegam aqui querendo tirar um direito nosso. Mesmo dizendo que tinham uma ordem, não deixei eles entrarem”, conta.

Assim como Edvard, os outros cinco vizinhos que receberam a desagradável visita também não permitiram a entrada dos representantes do Semasa. “Pagamos todos os impostos em dia. De repente vem alguém querendo tirar nossa água. Isso é um absurdo”, reclamou o motorista Valdir Agostinho Henrique, 68 anos.   Com a resistência da população local, os funcionários da autarquia chamaram a Guarda Municipal para tentar solucionar o problema. No local, a gerente comercial do Semasa, Valéria Tartari, esclarecia que estava cumprindo a lei do Código das Águas, já que um morador da rua Abernésia fez solicitações na empresa porque o esgoto das seis residências da Aguapeí estaria prejudicando seu imóvel, localizado na rua debaixo.

O primeiro requerimento foi registrado no dia 15 de agosto de 2003. Desde então, Valéria garante que seis notificações foram feitas aos moradores da Aguapeí, pedindo a regularização do sistema de esgoto. Como até terça o serviço não havia sido executado, o Semasa teria de multá-los em aproximadamente R$ 1,9 mil ou cortar o fornecimento de água. “O corte não é uma punição, era apenas para as casas não gerarem esgoto e lançar de forma errada. Como o valor da multa é alto, optamos por interromper o abastecimento até a adequação da rede”, explicou a gerente comercial do Semasa.

Valéria disse que o sistema de esgoto das casas foi feito de forma irregular. O material deveria ser bombeado para a tubulação da rua onde estão as casas ou então pela rede que passa por baixo da casa da rua Abernesia. Porém, os moradores alegam que não conseguem regularizar o serviço porque o vizinho da rua de baixo não permite as obras em seu imóvel.

“É toda vez a mesma coisa. Quando o Semasa vem, ele vem dizer que podemos fazer a passagem pela casa dele. Mas, depois, desiste”, conta a publicitária Márcia Aparecida Henrique, 32 anos. O morador da rua Abernesia não foi encontrado para comentar o assunto. “Não tem condições de ficarmos sem água por tempo indeterminado por causa de uma pessoa”, diz a dona-de-casa Marlene Batista Henrique, 42 anos.

Depois de quase três horas de negociação, Valéria emitiu nova notificação com prazo de 30 dias para que um acordo seja feito e garantiu que abrirá uma ordem de serviço para que o Semasa faça um verificação na residência da rua Abernésia.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;