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Família acredita que advogado foi morto em queima de arquivo
Ana Macchi
Especial para o Diário do Grande ABC
17/07/2004 | 21:51
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Mais de 100 pessoas acompanharam neste sábado o enterro do advogado criminalista Cláudio Delmolin de Oliveira, 37 anos, executado na manhã de sexta-feira em seu escritório, na Vila América, em Santo André. A família acredita em queima de arquivo. Ele foi morto 22 dias depois do assassinato de seu sócio, o também criminalista Ivan Rosa Ruiz, 37, no escritório que dividiam no Centro da cidade. Com a morte de Oliveira, sobe para sete o número de advogados assassinados durante o exercício da profissão desde o início deste ano no Estado de São Paulo.

Tanto Oliveira quanto Ruiz foram mortos por pessoas que se fizeram passar por clientes. Além de a característica da abordagem ser a mesma, os advogados receberam dois tiros cada um. A família de Oliveira disse acreditar que a execução do advogado tenha servido de queima de arquivo.

O pai da vítima, Luiz Júlio Oliveira, disse que perguntou várias vezes ao filho se ele tinha conhecimento do que teria motivado o crime praticado contra o seu colega de profissão. “Meu filho morreu, mas era totalmente inocente. Ele não sabia, e nunca soube, quem matou o Ivan”, lamentou o pai.

A família quer que a polícia seja firme durante as investigações. “Se o assassinato do Ivan já tivesse sido resolvido, meu filho não teria perdido a vida”, afirmou.

Vários familiares e amigos acompanharam o enterro, às 11h30, no cemitério da Vila Curuçá, em Santo André. Uma pessoa da família de Ruiz também esteve no velório. “Cláudio advogava há cinco anos. Trabalhava sempre de 12 a 13 horas por dia. Foi uma pessoa muito amada e especial.”

Investigação – Na segunda, investigadores da Delegacia de Homicídios deverão colher depoimento dos familiares e amigos de Oliveira. Por enquanto, a investigação segue por dois caminhos distintos: a hipótese de que Oliveira tenha sido assassinado por um cliente insatisfeito ou a de que as duas mortes tenham alguma relação.

Já no caso de Ruiz que, além de advogado, era também comerciante, a suspeita é de que ele também possa ter sido morto por um ex-funcionário demitido de seu posto de gasolina, em Mauá. Outra alternativa é de que o autor do crime seria irmão de um cliente preso.

Somente neste ano, sete advogados foram executados no Estado por supostos clientes. No dia 12 de agosto, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) fará, em Santo André, uma manifestação contra a violência. Na sexta, o presidente da OAB no Estado de São Paulo, Luiz Flávio Borges D’Urso, telefonou para o secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Segurança Pública, Marcelo Martins de Oliveira, para cobrar providências. Ele disse ter sido comunicado de que a polícia tomaria todas as medidas necessárias durante a investigação para resolver os crimes contra advogados.




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