VIVIA JANDO Titulo VIVIA JANDO
Elisão e sonegação, os descaminhos do turismo
Rodermil Pizzo
07/09/2021 | 00:01
Compartilhar notícia


A sonegação e a elisão são os maiores cânceres hemorrágicos que a indústria do turismo possui. E isso ninguém me contou; eu vivenciei, constatei, perguntei, interroguei e cheguei a uma conclusão: ninguém quer colocar a mão nesta caixa de pandora. De A a Z não existe transparência. Isso é um tumor maligno que precisa de quimioterapia e está sendo tratado com analgésicos de baixo espectro por anos e anos.

O formato de arrecadação de impostos é completamente obsoleto e manipulável. Manter as grandes empresas como micro e MEI se tornou uma forma corriqueira de driblar o Fisco.

A prova disso é que alguns empresários estiveram e estão embrulhados em operações de sonegação fiscal de milhões de reais e nada adiantou. No turismo a Operação Lava Jato passou longe. Mal tivemos um lava-rápido e, como sempre, a fogueira que se acende de tempos em tempos sobre este assunto parece feita de papel e se apaga rapidamente.

De novo, como esta coluna vem alertando, só faltava a Covid também ficar com esta conta. O vírus carregará no currículo este fardo? Se seguirmos assim, a pandemia será a grande vilã (mesmo sem ter tanta culpa em cartório), já que a maracutaia data de antes da crise viral ­­– aliás, bem de antes.

As empresas do turismo apresentavam, antes da pandemia, recorde de vendas e crescimento assustadores, aberturas de capital, fusão, compram de empresas do segmento, junções, aviões, navios e hotéis (todos de custo megaelevados). Curioso é que a contrapartida de arrecadação de impostos não acompanhava o mesmo ritmo.

O mercado informal é tão conhecido como a cracolândia. Tem fluxo intenso e similar, igualmente visto por todos, mesmo assim é tratado como universo paralelo e sem atenção por nada e ninguém.

Eu vivenciei no turismo histórias absurdas de empresários que faturam milhões por ano e seguem na casa da arrecadação mínima. Como podemos exigir algo do público, se, na prática, o setor privado não faz a sua parte?

A emissão de nota fiscal é outro tumor conhecido na indústria turística. Curioso é que para cada empresário ou funcionário do setor que se pergunta aual o modus operandi de arrecadação de impostos, a resposta é diferente. Até juristas têm opiniões diferentes sobre o mesmo assunto. Aproveitando-se deste emaranhado de informações desencontradas, o setor segue sonegando e desviando, descaradamente, intencionalmente e conhecidamente. Todavia, todos se dizem inocentes perante a lei.

Para não dizer que não falei das flores, um grande dossiê esta sendo tratado a dezenas de mãos por este colunista e por um jurista conhecedor de arrecadação de impostos e, assim que estiver devidamente costurado, será apresentado publicamente para que todos possam saber como se trata com descaso a elisão e sonegação no turismo.

Rodermil Pizzo tem 36 anos de atividades no turismo. É jornalista, empresário, professor universitário e mestre em hospitalidade. Esta coluna é atualizada todas as terças-feiras. E-mail: rodermil@dgabc.com.br
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;