Defender as cores da escola não é o único objetivo da comunidade carnavalesca de Mauá. O que os cidadãos do samba esperam é garantir com o desfile que tem início neste sábado a realização dos próximos carnavais. O que mais se ouve nos barracões é que este será um Carnaval de resultados. Ao ter anunciado o fim de um jejum que durou oito anos, a Uesma (União das Escolas de Samba de Mauá) tem como meta transformar definitivamente a cidade na capital do samba. A última apresentação oficial na cidade ocorreu em 1996. No ano seguinte, as escolas desfilaram na passarela do samba, mas sem competir entre si. Foi quando a Prefeitura retirou o apoio e as comunidades só puderam sentir o gosto de ter um dia de rei na avenida ao participarem do Carnaval em outras cidades.
“No passado, Mauá ficou conhecida como a capital da porcelana (na primeira metade do século passado), mas hoje a cidade respira Carnaval. Queremos fazer de Mauá a capital do samba”, sentencia Roberto A-maro de Lima, presidente da Uesma. Gente para desfilar e mão-de-obra qualificada para o Carnaval não faltam, segundo ele. Mesmo com a interrupção do Carnaval de rua por quase uma década, algumas escolas continuaram a promover cursos de costureiras, carnavalescos, figurinistas e mestre-sala e porta-bandeira. Boa parte desse contingente trabalhou no período de recesso para escolas de samba de outros municípios, como Santo André, São Bernardo e São Paulo.
Neste ano, a maioria retornou à cidade de origem. Levantamento feito pela Uesma aponta que nos últimos três meses foram gerados pelas escolas de samba 700 empregos, de carnavalescos a soldadores. A maioria do pessoal que trabalha para o Carnaval foi angariada nas próprias comunidades. Além disso, quase o mesmo número participa do núcleo de criação como voluntário, seja por amor à escola ou ao Carnaval.
Diferente de algumas agremiações da região, que têm de caçar no laço gente para preencher as alas, muitas escolas de Mauá afirmam que o que faltou foi fantasia para tanta gente. Por causa da verba ter sido curta neste ano, a maioria vai levar para a passarela do samba, em média, 500 componentes. “Foi só ter a notícia de que teríamos desfile neste ano que as pessoas foram chegando na quadra”, afirma o diretor social da Acadêmicos do São João, Écio Veríssimo, que levará 600 pessoas para a avenida.
A única coisa que faltou foi patrocínio para a festa. Tanto é que neste ano as agremiações tiveram de trabalhar basicamente com a subvenção municipal. As pertencentes ao grupo 1 receberam R$ 30 mil e as do grupo 2, pouco menos de R$ 20 mil. O Carnaval de resultados é planejado justamente para que tenham poder de negociação para garantir futuras doações de instituições privadas ao desfile.
A Uesma quer ter o que mostrar quando for pedir apoio ao Carnaval 2007. “É difícil conseguir verba depois da interrupção do Carnaval. Poucos acreditam no retorno das escolas em alto nível. A população de Mauá sempre lotou arquibancada, mas é imprevisível saber se o mesmo vai ocorrer neste ano. Por conta disso, não conseguimos atrair cervejarias, por exemplo, e empresas de grande porte da cidade para investir no Carnaval”, afirma Roberto Amaro de Lima, que promete que a organização do Carnaval 2007 começa depois da Quarta-feira de Cinzas. Com os eventuais “resultados” a serem obtidos até a madrugada de terça-feira, o presidente da Uesma terá o que apresentar a potenciais colaboradores.
Grupo 2 – O Carnaval começa neste sábado com a apresentação de uma escola de samba pleiteante, do Jardim Anchieta, que vai abordar o tema Vôo em Busca da Paz. A agremiação tem de desfilar por dois anos consecutivos como pleiteante, sem receber subvenção municipal, para começar a brigar para o ingresso no grupo 2 a partir da terceira apresentação. O desfile da pleiteante tem início às 18h50.
Em seguida, desfilam as cinco escolas do grupo 2 (veja quadro nesta página). Como o Carnaval ficou parado por oito anos, a maioria das agremiações tem pouco tempo de avenida, entre elas a Acadêmicos da Nova Era, que terá 300 componentes mostrando as principais datas comemorativas do país. O destaque será a ala que fala da Parada do Orgulho Gay, que já virou tradição no país.
E quem encerra o desfile desta noite é a Leões de Ouro, do Jardim Itapark. O fascínio do homem em voar é o tema a ser explorado pela escola. O enredo começa com antigas lendas e fábulas e termina com a conquista do espaço.
Na avenida Portugal, a arquibancada tem capacidade para 20 mil pessoas. Quem preferir ver o Carnaval de camarote, restam poucos à venda. Cada camarote para até 10 pessoas custa R$ 1,5 mil. A compra, que pode ser dividida em duas vezes, pode ser feita na Uesma, localizada na avenida da Saudade, 31. Mais informações pelo telefone 4513-7928. n
DesfilesAvenida Portugal
Sábado – grupo aspirante
18h50 Jardim Anchieta
Sábado – grupo 2
20h União Independente
21h10 Nova Era
22h20 Império do Jardim Oratório
23h30 Mocidade Independente do Zaíra
0h40 Leões de Ouro
Domingo – grupo 1
19h Ordem e Progresso
20h20 Tradição da Unidos Imperial
21h40 Acadêmicos do São João
23h Camisa Azul e Branco
0h20 Unidos do Silvia Maria
1h40 Beira Rio
3h Flor do Morro
4h20 União da Vila
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