A fim de comemorar seu centenário de nascimento, a editora francesa Omnibus prometeu a reedição completa de suas obras. Também francesa, a editora Gallimard publicará na prestigiada coleção Pléiade, em dois volumes, com capa de couro e acompanhados de biografia e bibliografia, 21 romances policiais de Simenon.
No Brasil, a Nova Fronteira tem em catálogo cerca de 30 livros do autor de uma literatura caracterizada como popular comercial, que vendeu aproximadamente 1 bilhão de exemplares em mais de 50 idiomas. A assessoria de imprensa da editora não confirma se há algum projeto especial relacionado ao centenário do escritor belga.
Dono de narrativa sólida e econômica, que enfoca a face mais sombria da natureza humana, Simenon foi um autor incansável, que na juventude chegou a escrever no alucinante ritmo de um romance a cada três dias. Por causa dos inúmeros pseudônimos que adotou, é impossível citar quantos livros deixou – há simenólogos que calculam 430.
Especialistas na obra de Simenon defendem que o escritor foi muito além de mistérios policiais esteticamente pobres e, portanto, de qualidade questionável, tendo realizado uma profunda análise da psicologia humana. O que, de acordo com eles, não deixaria de ser um tipo de arte.
Maigret, que aparece em 75 livros, é o personagem que tornou Simenon mundialmente famoso – o autor começou a publicar aos 16 anos, enquanto Maigret surgiu em 1931. O comissário-chefe, sujeito perfeitamente adaptado ao dia-a-dia policial parisiense, aparece na obra de Simenon até 1972. O vício do cachimbo e a enorme curiosidade, que o faz especular sobre os desejos mais sórdidos e os detalhes do comportamento dos homens, marcam o personagem.
De estilo diferente dos célebres Sherlock Holmes e Hercule Poirot – os cerebrais detetives, respectivamente, de Arthur Conan Doyle e Agatha Christie –, Maigret tem um jeito próprio de observar as pessoas e suas reações. É com essa matéria prima, e não por meio de deduções brilhantes, que soluciona os casos.
Simenon, que nunca foi um intelectual e não se importava com a crítica literária, teve o cuidado de jamais alterar o perfil de Maigret, uma figura comum, sem grandes aspirações nem idéias geniais. O comissário-chefe seria, então, uma espécie de porta-voz de um mundo mediano e cinzento.
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