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O social-socialismo

Stalin, astuto e prudente, sabia que o Brasil iria avacalhar o comunismo

Carlos Brickmann
04/10/2009 | 00:00
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Há muitos e muitos anos, dizia-se que Stalin, o supremo dirigente da União Soviética, queria implantar o comunismo no mundo todo, menos no Brasil. Stalin, astuto e prudente, sabia que o Brasil iria avacalhar o comunismo.

Os socialistas foram menos cuidadosos. Hoje estão no PSB, como socialistas de carteirinha, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf; o dono da Companhia Siderúrgica Nacional, Benjamin Steinbruch; alguns ativistas culturais, como Kleber Bam-Bam, Rita Cadillac e Lacraia; ídolos como Marcelinho Carioca e Romário. E, também ostentando o símbolo internacional do socialismo, a rosa, o ex-secretário da Educação de São Paulo, Gabriel Chalita.

Mas o socialismo tem outras vertentes. Socialismo não é apenas o PSB. A vertente petista do socialismo atraiu o empresário Ivo Rosset, da Valisère, e sua esposa, Eleonora Mendes Caldeira, de tradicionalíssima família paulista.

Há contradições interessantes, aí. Todos são socialistas e lulistas, mas alguns seguem Dilma, outros seguem Ciro Gomes. Paulo Skaf quer Ciro para presidente, mas não para governador de São Paulo (candidatura que, há poucos dias, lhe foi prometida, levando-o a desistir do PR e optar pelo PSB). Ciro, que sempre criticou os barões da Fiesp, tem agora de se relacionar com o chefe de todos eles. E Rita Cadillac, com certeza, jamais usou sutiãs, nem os que Ivo Rosset fabrica.

Já dá para fazer convenção socialista no Terraço Daslu. Mas alguém poderia explicar aos socialites que socialismo é uma coisa e coluna social é outra.

COISA ESTRANHA 1
O caso do vazamento de informações do Enem é esquisito. Duas pessoas ofereceram ao jornal O Estado de S.Paulo o conteúdo das provas, e pediram R$ 500 mil pelo dossiê. 1 - se alguém vazou o conteúdo das provas para ganhar dinheiro, escolheu o caminho errado. Um jornal sério não paga por notícias. E a informação de que havia vazamento era suficiente para haver crise. 2 - se alguém vazou o conteúdo para provar que o exame era vulnerável, por que pediu dinheiro?

COISA ESTRANHA 2
3 - resta a tese de que a manobra foi feita para prejudicar alguém. O governo? O ministro da Educação, que pode ser candidato ao governo paulista? A gráfica que imprime os exames, e que pertence em parte à Folha de S.Paulo? Talvez o objetivo seja partidarizar a questão - contra o governo, ou contra um jornal eleito pela situação como inimigo. Mas isso ainda não está claro, assim como o motivo pelo qual a Polícia Federal não estava incluída no trabalho de manter o sigilo.

NOSSOS JOGOS
Com a decisão de realizar a Olimpíada de 2016 no Rio, começa o maior programa de redistribuição de renda que já houve neste país.

NOSSAS CONDIÇÕES
Outro dia, um assíduo leitor desta coluna chegou do Exterior às 6h30 da manhã. A fila do passaporte se estendia até o corredor de desembarque. Nosso leitor levou cerca de uma hora para passar pelo controle. Outros, que haviam chegado em voos anteriores, esperavam na fila parada que alguém começasse a atendê-los. Houve bate-boca entre um funcionário e passageiros que chegavam. A coisa só começou a funcionar quando os métodos modernos (checagem do passaporte no computador, por exemplo) foram substituídos pelos tradicionais (aquela olhadinha na página da foto). A dúvida do leitor: se querem fazer as coisas como se deve, por que não se preparam? Se é para fazer de qualquer jeito, como foi feito, por que tripudiar sobre os passageiros? Depois ainda havia a fila da alfândega. Como é que vamos receber os turistas que virão para a Copa e a Olimpíadas?

LÁ, CÁ E ONDE DER
A Alstom, multinacional de origem francesa investigada na França e na Suíça por acusações de suborno em São Paulo, durante os governos anteriores do PSDB, está sendo processada também na Argentina. Lá, com base em informações do Ministério Público suíço, o advogado Ricardo Monner Sans denunciou ao juiz federal Octavio Aráoz de Lamadrid irregularidades na construção de duas linhas ferroviárias de alta velocidade, que envolvem os governos do casal Kirchner. Na Suíça, um gerente da Alstom é investigado por "gestão desleal, corrupção e lavagem de dinheiro". O caso Alstom é uma bomba-relógio: dizem que, se detonada antes de outubro de 2010, pode mexer no quadro político brasileiro.

DIPLOMACIA PARLAMENTAR
Aquele grupo de deputados brasileiros que viajou a Honduras para inteirar-se da situação foi recebido pelo presidente deposto Manuel Chapéu Zelaya e por seu substituto, o presidente Roberto Micheletti. Só que não foi bem assim: o deputado Ivan Valente, do Psol paulista, se recusou a conversar com Micheletti, porque não o reconhece como presidente de Honduras. A situação piorou: além da questão de reconhecimento diplomático, é preciso também o reconhecimento de Sua Excelência, o deputado Ivan Valente. E você, caro leitor, paga a viagem.




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