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Mauá distribui preservativos com sabor
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
15/05/2008 | 07:00
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A Prefeitura de Mauá comprou 10 mil preservativos nos sabores chocolate e menta, que custam, segundo a administração, cerca de 260% a mais do que um preservativo comum. A quantidade faz parte de um lote de 900 mil camisinhas, adquiridas no final do mês passado por meio de pregão.

A compra foi feita pelo programa de prevenção de DST/Aids, por meio de convênio com o Ministério da Saúde. Além dos recursos federais, também há contrapartida da Prefeitura. Será a primeira vez que Mauá distribuirá o preservativo diferenciado na rede pública de saúde.

O assunto causou polêmica na sessão de terça-feira da Câmara. O vereador Diniz Lopes (PSDB) mostrou uma tomada de preços da Prefeitura, de 7 de janeiro deste ano, que pedia uma compra bem maior: 40 mil preservativos com sabores, 955 mil comuns e 40 mil sachês de gel lubrificante.

"Não sou contra a compra de preservativos, mas não consigo entender a necessidade de que seja com sabor. Isso se torna ainda mais estranho quando detectamos que o valor é muito maior do que o convencional. Não há explicação para isso", argumentou o tucano.

Mas a administração disse que só foram comprados 5 mil de cada sabor. A alegação, apresentada pelo líder do governo na Câmara, Luiz Alfredo dos Santos Simão (PSB), é que a medida atenderia a portadores de doenças sexualmente transmissíveis. "O objetivo é beneficiar os que praticam sexo oral e que tenham alguma doença contagiosa. Desta forma, acredito ter sido válida essa compra."

A ex-secretária de Saúde Sandra Regina Vieira (PV) - mulher do atual titular da Pasta, Valdir Russo - revelou que o preservativo comum saiu por R$ 0,07, enquanto que o com sabor, R$ 0,25. "A gente sabe que é mais caro, mas o propósito é claro. Queremos atender a esse público específico que pratica sexo oral. Trabalhar na prevenção também é garantir o prazer", justificou. "Além disso, também queremos, desta forma, estimular os adolescentes a usarem preservativos."

A decisão da compra foi tomada após reuniões com grupos ligados a portadores de HIV. A Prefeitura não soube informar os motivos das escolhas dos sabores.

A vencedora do pregão - realizado no último dia 28 - dos preservativos diferenciados foi a DKT do Brasil Produtos de Uso Pessoal Ltda. Para isso, receberá R$ 2.500. Se fosse o mesmo preço da comum, a administração teria gasto R$ 700.

O fornecimento de camisinhas comuns foi vencido pela Drugmed Comércio de Materiais Médicos Hospitalares Ltda, a um custo de R$ 63 mil. Ao todo, a Prefeitura gastou R$ 76 mil, já que também adquiriu os sachês de gel lubrificante.

O vereador Paulo Eugênio Pereira Júnior (PT) criticou a aquisição. "O convênio da Prefeitura de Mauá com o Ministério da Saúde tem por objetivo principal reduzir a incidência de transmissão de HIV e doenças sexualmente transmissíveis. E para fazer a prevenção, a camisinha não precisa ter sabor. Para mim, é um desperdício de recurso público. Não sei qual a explicação lógica para incluir este item no edital."

Os contratos com as empresas deverão ser assinados na próxima semana. As camisinhas diferenciadas deverão estar disponíveis nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) no próximo mês.




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