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Brasil diz adeus a Covas; velório atravessa a madrugada
Do Diário OnLine
07/03/2001 | 00:59
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São Paulo e o Brasil acordaram nesta terça-feira, dia 6 de março, sem o governador Mário Covas. Aos 70 anos, o líder do PSDB morreu às 5h30, devido a uma falência múltipla dos órgão, provocada pelo avanço do câncer reincidente. Ele estava internado no Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas, havia nove dias, quando sua saúde debilitada levou a uma remoção às pressas durante o feriado de Carnaval.

Todo o país prestou suas homenagens ao governador durante a terça-feira. O presidente e amigo Fernando Henrique Cardoso alterou a lei, que previa três dias de homenagens, e decretou uma semana de luto oficial. O Estado, já assumido pelo ex-vice Geraldo Alckmin, terá oito dias de luto e dois de ponto facultativo (as escolas e repartições públicas estaduais não funcionam nesta quarta-feira).

Seu corpo está sendo velado no Palácios dos Bandeirantes, sede do governo paulista, desde as 11h40 de terça. Até a meia-noite, mais de 13 mil pessoas, entre personalidades diversas e anônimos, já passaram pelo túmulo para prestar sua últimas homenagens a Mário Covas. O velório prossegue no hall nobre do Palácio até as 9h de quarta-feira, quando começa o cortejo que o levará de volta à terra natal: Santos.

O governador será sepultado no começo da tarde no Cemitério do Paquetá, na principal cidade da Baixada Santista (litoral Sul), onde estão enterrados seu pai, Mário Covas (morto em 81), sua irmã Marina (morta em 1989) e a filha Silvia, morta em um acidente de moto no revèillon de 1976.

O corpo seguirá em um carro do Corpo de Bombeiros pelas principais avenidas de São Paulo e terá honras fúnebres da Polícia Militar. Entre o Palácio dos Bandeirantes e o Obelisco dos Heróis de 32, no Ibirapuera, a Guarda de Honra será feita por uma escolta de 24 cavaleiros. A partir do Obelisco até a entrada de Santos, será utilizada a escolta de motos (batedores).

A cerimônia no Cemitério do Paquetá será restrita a amigos, familiares e convidados. A imprensa terá acesso de longe e apenas um número limitado de repórteres credenciados poderá entrar. O prefeito de Santos, Beto Mansur (PPB), afirma que o enterro deve ocorrer por volta das 14h. Depois da cerimônia ele prometeu que a visita de populares será organizada.

Comoção - Desde a confirmação da morte, noticiada pela imprensa por volta das 5h50, as demonstrações de comoção de políticos e populares não pararam mais.

Logo na saída do Hospital, enfermeiros e funcionários do Incor se aglomeravam na calçada e nas janelas para acompanhar a saída do cortejo. Os funcionários do estabelecimento também prestaram uma homenagem ao governador, colocando lençóis brancos nas janelas dos quartos e salas.

Em todo o trajeto, Mário Covas foi ovacionado por centenas de pessoas, que carregavam bandeiras nas mãos e jogavam papel picado de cima dos prédios. O trânsito parou no sentido oposto das avenidas Rebouças, Eusébio Matoso e Morumbi.

Depois da chegada do corpo ao Palácio dos Bandeirantes, o velório permaneceu fechado para a família, autoridades e amigos por cerca de uma hora. Por volta das 13h15, a visitação foi aberta para populares.

A eterna companheira, a primeira-dama Lila Covas, permaneceu ao lado do corpo de Covas durante a maior parte do tempo e só se retirou aos aposentos do Palácio no final da noite. Os dois filhos do casal, Renata e Mário Covas Neto (Zuzinha), estiveram constantemente ao lado da mãe.

Lila recebeu a solidariedade de todas as autoridades presentes. O presidente Fernando Henrique Cardoso, o vice Marco Maciel, ministros, senadores, deputados, oposição, aliados e até o inimigo político histórico Paulo Maluf se juntaram ao coro que quis prestar as últimas homenagens ao goverandor.

Às 21h, teve início uma missa de corpo presente, celebrada pelo cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes. A cerimônia, que também teve a presença do amigo da família padre Antonio Maria e religiosos dos mais diversos credos, durou quase duas horas e foi marcada pela música e a emoção.

Mesmo com a retirada dos familiares e da maioria das personalidades políticas e artísticas que acompanharam o velório durante toda a tarde, o fluxo de populares prossegue durante a madrugada.

Agonia - O estado clínico de Covas piorou consideravelmente na tarde de domingo, quando teve convulsões e perdeu a consciência. Na tarde de segunda, a equipe médica que acompanhava o governador desde o diagnóstico do câncer na bexiga, há dois anos e meio, admitiu que seu quadro era praticamente irreversível. “Estamos ao fim de uma luta de dois anos e meio”, afirmou o urologista Sami Arap.

As complicações eram maiores que as alternativas para combater o câncer que acometia o governador. Covas estava inconsciente, teve queda de pressão, alteração no quadro neurológico e convulsões, além de complicações renais.

Ele estava tomando cerca de dez medicamentos, especialmente analgésicos, para que não sofresse.

Os filhos estavam com o governador no momento de sua morte. Lila deixara o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas no final da noite.

Os médicos e enfermeiros que estavam acompanhando Covas no momento de sua morte fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao governador. Também fizeram uma oração pedindo paz a ele.

O então vice-governador, Geraldo Alckmin, e o presidente Fernando Henrique foram avisados da morte de Covas logo pela manhã, por volta das 5h30, pela própria equipe médica.




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