No total serão 24 episódios de 18 minutos cada. O primeiro, piloto, já está pronto. É Vilarejo de Paranapiacaba e tem como cenário a Vila Ferroviária de Santo André, mesma locação utilizada pelo diretor de Ribeirão Pires para gravar o curta-metragem Café Amargo.

O piloto, às vezes, dá a impressão de ser um ensaio, com depoimentos que poderiam ser melhor utilizados. Mas os próximos, afirma Muzeli, tendem a evoluir: “Mudaremos a estrutura de captação, com câmera e áudio melhores. Faremos um arredondamento da produção”. A captação é digital e em 8 mm.

Moradores de Paranapiacaba contam, por exemplo, como uma mulher se sentiu mal ao visitar o vagão funerário que está em exposição em um galpão desativado da estação ferroviária. “Nossa intenção não é o sensacionalismo. Queremos pesquisar a emoção das pessoas e a cultura que se gera em relação a esses fatos”, afirma o diretor.

Outras captações de imagens já foram iniciadas. “Temos uma série de entrevistas sobre o tema Lendas das Estradas que, por enquanto, são os melhores momentos do documentário”, diz. Alguns dos outros assuntos são Porto de Santos, Fantasmas do Teatro e São José dos Ausentes.

No cais de Santos já foram realizadas algumas filmagens, que deverão ser refeitas. “Estivemos lá no verão, mas a gente se interessa mais pelo inverno, até por uma questão de fotografia”, afirma Alziro Barbosa, responsável por essa área.

As histórias dos marujos são sobre acontecimentos no interior dos navios. Segundo a pesquisa dos realizadores de Lendas e Fantasmas no Brasil, foram criados códigos de silêncio e os marinheiros só podem falar sobre o assunto em terra firme.

De acordo com Muzeli, o documentário é mais direcionado para a TV paga exatamente por não visar o sensacionalismo. Antes de ir ao ar por um canal por assinatura, estará disponível na internet. As negociações estão adiantadas com o Portal Terra. “É uma forma de gerar expectativa e abrir possibilidade de comercialização”, diz.

Lendas e Fantasmas no Brasil é um produto forte, afirma Muzeli, ao mesmo tempo em que acredita no interesse dos patrocinadores: “Toda nossa equipe é da região e pensamos que também pessoas daqui podem investir no projeto”. O orçamento é de cerca de R$ 170 mil, ou R$ 7 mil por episódio.