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STJD aplica punição inédita no zagueiro Julio César
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
15/07/2010 | 07:21
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Um mês e meio após sofrer fratura na tíbia e fíbula da perna direita, o atacante William segue em tratamento no Santo André. A rotina é cansativa, com diversas sessões de fisioterapia. Mas na última semana o jogador teve motivos para comemorar. Isso porque o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) agiu de forma inédita no futebol brasileiro e sentenciou o zagueiro Julio César, do Guaratinguetá - autor da entrada violenta que ocasionou a lesão - a ficar afastado dos gramados pelo mesmo tempo que o andreense estará distante dos gramados em tratamento; ou seja, de quatro a seis meses.

"Fiquei contente pela decisão. Foi justa para ele (Julio César) aprender e para que não aconteça o mesmo com outros jogadores. Ele não vai sentir a mesma dor que eu senti, mas dá um conforto", afirmou William, que revelou ter sido avisado na véspera da partida da violência utilizada pelo adversário. "Um dia antes do jogo contra o Guaratinguetá o Xuxa (meia do Santo André) me disse para tomar cuidado com o Julio César, porque era um jogador que entrava forte, para machucar, que era maldoso."

Xuxa, no entanto, é amigo tanto de William quanto de Julio César por já ter atuado com os dois. "Ele (Julio) é meu amigo, a gente conversa direto, mas foi imprudente e poderia ter evitado o choque. O excesso de vontade que ele teve acabou machucando o William", disse o meia. "Já joguei com o Julio em dois clubes, no Marília e no Mirassol, e também contra ele. Sei que chega duro na bola e avisei ao William", emendou Xuxa.

O artigo 254 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), prevê em seu artigo quarto que ‘na hipótese de o agredido permanecer impossibilitado de praticar a modalidade em consequência da agressão, o agressor poderá continuar suspenso até que o agredido esteja apto a retornar ao treinamento, respeitado o prazo máximo de cento e oitenta dias", o que coincide com a recuperação do jogador andreense.

O Guaratinguetá, por outro lado, tenta a liberação de Julio César e defende a postura do jogador. "O Guaratinguetá entrou com recurso e vai ser marcado outro julgamento. A gente não vê como lance maldoso", afirmou o diretor executivo do clube, Marcelo Zanotti.

O próprio zagueiro, em sua defesa no STJD, alegou que visou a bola. "Não tive intenção nenhuma de machucar. Cheguei primeiro na bola e ele fez uma alavanca e se machucou. Foi canela com canela, tenho o hematoma até hoje na perna", disse ao site Justiça desportiva.

Para William, o STJD não deve aceitar o recurso do Guaratinguetá. "Acredito que não voltem atrás na decisão, porque colocaria em xeque a própria decisão deles."

A expectativa do diretor de futebol do Ramalhão Juraci Catarino é a mesma. "Foi uma punição justa e surpreendente. Desde o início achei o lance imprudente e que poderia ter sido evitado. Mas espero que a decisão não mude e que o STJD mantenha a coerência."

Desapontamento - Segundo William, Julio César o telefonou uma semana após o ocorrido para saber de suas condições. "Ele perguntou como eu estava, dizendo que foi um pouco forte no lance. Eu disse que não precisava de tanta força", explicou. "Depois disso, nunca mais ligou. Ele liga para o fisioterapeuta, para outros amigos meus, para saber se eu volto logo a jogar, mas para mim não", disse o atacante, desapontado.

William relembrou que, ainda no gramado em Guaratinguetá, Julio César teve a chance de ir falar ou ver o que tinha acontecido. "Mas ele em momento nenhum foi até mim e nem pediu desculpa", concluiu o jogador.

Médico do Ramalhão elogia atacante e está otimista sobre volta
De acordo com o médico do Santo André, Eduardo Almeida, que operou William, o empenho demonstrado pelo atacante nos tratamentos pode antecipar a volta aos gramados. "O William é extremamente dedicado e isso facilita a situação. Com ele é possível trabalhar até quatro vezes por dia; está sempre de prontidão. Se depender da vontade e obediência dele, a recuperação que varia entre quatro e seis meses pode ser feita em quatro", disse.

Ainda utilizando muletas, William mostrou contentamento pela evolução do tratamento e pelo apoio recebido. "Estou tendo todo suporte do clube, assim como dos companheiros e familiares."

Fora dos planos, Lateral Arthur rescinde contrato
O lateral-esquerdo Arthur não faz mais parte do elenco do Santo André. Fora dos planos do técnico Sérgio Soares, o jogador conversou com a diretoria e deixou amigavelmente o clube. Nascido em São Paulo e revelado pelo próprio Ramalhão, Arthur tinha contrato até 2013.

"Ele não estava sendo aproveitado e o Sérgio (Soares) o colocou como negociável. Chegamos a acordo com o jogador e achamos por bem liberá-lo para dar sequência à carreira", explicou o diretor de futebol Juraci Catarino.

Enquanto isso, o time se reapresentou ontem após a derrota para o São Caetano (3 a 2) e fez trabalho regenerativo. Hoje treina à tarde.




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