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O apogeu da insanidade
Rodolfo de Souza
10/03/2022 | 00:01
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Andam dizendo que o presidente da Ucrânia teria se bandeado para o lado do império quando este lhe prometeu mundos e fundos, caso aceitasse a entrada de seu país na Otan, órgão por demais importante quando se pretende se fazer respeitar pelo inimigo que mora ao lado. O acordo parece que não se consumou, a despeito do pouco tempo que faltava para que a coisa chegasse às vias de fato.

Segundo declarou o chefe russo, antes de tomar atitude extrema teria tentado negociar com o vizinho, uma vez que seu bom coração nem cogitava usar de violência para colocar o trem nos trilhos, mesmo que lhe virasse o estômago a ideia de ver Tio Sam bisbilhotando o seu quintal por cima da cerca do outro.

Claro que o homem de olhinhos gelados como o clima de sua terra adoraria anexar ao seu país o território vizinho, excelente do ponto de vista estratégico, de fartos recursos econômicos e coisa e tal.

O bom velhinho, por sua vez, notadamente imbuído do desejo supremo de levar a sua democracia para todas as nações do planeta, pretendia instalar bases militares bem debaixo do nariz do homem do frio, situação a que este não haveria de se sujeitar. Mas o bom velhinho, atual chefe do império do Norte, tanto insistiu que acabou por colocar nas mãos do outro a sonhada faca que lhe permitiria cortar o queijo.

E a gente deste mundo, que ainda almeja sagrar-se vencedora na guerra contra o corona, se depara agora com outra guerra, já que o sujeito do frio não conseguiu conter os ímpetos bélicos e partiu logo para o ataque. Fato que tira o sono das pessoas, por saberem que a vontade de meia dúzia move as engrenagens de um conflito armado que leva à ruína milhares de vidas.

E o homem de olhos tão fundos quanto o buraco em que pretende atirar seus adversários, determinou que seus tanques avançassem sobre as cidades, que seus aviões espalhassem destruição e morte no seio de uma sociedade composta por seres humanos comuns, que seus homens marchassem e promovessem o pânico e a angústia por entre as pessoas, que desejavam, tão somente, continuar a viver o seu dia a dia como se vive em qualquer outra parte do mundo. 

Por isso, os demais países agora olham de atravessado para tudo o que procede da Rússia, até mesmo para a sua arte, que nem sempre se inspira na guerra para alçar a sua voz. 

Que rumo vai tomar a peleja, ninguém sabe. Mesmo porque, a confusão instaurada na mente das pessoas que acompanham a distância e absorvem um sem-fim de informações, é grande. São comentários desencontrados que ora justificam a insanidade, dando destaque à suposta canalhice de um, ora a condenam, destacando a tirania do outro.

Contudo, fato é que, tanto uma quanto outra questão jogaram no colo das nações outra guerra, promovida mais uma vez pela eterna guerra de interesses que, no século em que vivemos, conta ainda com a valiosa colaboração da tecnologia, em todos os seus aspectos, inclusive e sobretudo, no da informação.

Mas o olhar sensível é indiferente à controvérsia estabelecida e pensa somente na dor da população, aquela que, por entre escombros do que noutro dia lhe servira como lar, caminha incrédula. Não concebe, pois, o horror que lhe fora impingido, assim, do nada; no horror que a lançou na rua da amargura.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.com.




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