Setecidades Titulo 8 de março
Mulher de Sto.André faz sucesso como pedreira

Eliete Vieira da Silva trabalha há 30 anos com pisos e pinturas; postagem na internet trouxe fama

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
08/03/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Aos 55 anos, Eliete Vieira da Silva, moradora de Santo André, já se acostumou com os olhares de espanto e até expressões de reprovação quando se apresenta para o trabalho. Desde os 25, Lia, como é conhecida, trabalha colocando pisos e azulejos, fazendo pinturas e todo tipo de acabamento na construção civil. Alheia ao machismo e ao preconceito, a especialista – com formação no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) – viveu momentos recentes de fama, quando postagem sobre o seu trabalho em uma rede social viralizou e a tornou conhecida nacionalmente. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ela colhe os frutos do reconhecimento.

“Ainda está caindo a minha ficha, na verdade”, comentou, sobre a súbita fama. “Minha preocupação hoje é só terminar a obra que está em curso, com calma e qualidade, como gosto de fazer”, completou. Lia foi contratada pelo estudante de direito Leo Barbosa, 48, para fazer reforma em sua residência. “Nos conhecemos há 30 anos, mas não nos víamos há muito tempo. A gente se encontrou por acaso e combinamos uma visita para o orçamento”, relembrou o universitário. O contratante se surpreendeu com o cuidado no trabalho da pedreira e resolveu divulgar em suas redes sociais. “Diferente de muitos pedreiros que conheci, ela foi bastante sincera, explicou o que precisava ser feito e não nos enrolou nem cobrou preço exorbitante”, afirmou Barbosa. A postagem foi compartilhada 24 mil vezes e a pedreira ganhou o reconhecimento de jornais e programas de TV.

O trabalho com construção civil começou na adolescência. Lia ajudava o irmão, Aluísio Carlos Vieira da Silva, 65, a pintar túmulos em cemitério de Santo André. “Aos poucos fui aprendendo a assentar tijolo, colocar o revestimento. Ele partiu para obras em residências e me levou como ajudante.”

A surpresa de quem a via chegar na obra era grande. “As pessoas se assustavam. ‘Como assim, uma mulher?’. Mas sempre vinham elogiar depois que acabava, até com uma certa ironia, porque sou mulher. Existe muito preconceito”, pontuou.

Foi o irmão quem a incentivou a atuar sozinha e a convenceu que tinha condições de tocar toda a obra. Desde então, Lia tem negociado diretamente com os clientes e executado os serviços de piso, pintura e acabamentos. “Normalmente quem me contrata é a esposa, o marido só descobre quando já estou trabalhando”, declarou.

O sucesso repentino com a postagem fez aumentarem os pedidos de orçamento, e Lia está abrindo, com a assessoria jurídica de Barbosa, a empresa Dona Lia Acabamentos Finos. Antes da fama, ela recebia média de uma a duas solicitações a cada dois meses, número que saltou para 150 atualmente. Devido à demanda, a empresa está recebendo currículos de outras mulheres para trabalharem como ajudantes ou especialistas em piso e pintura. “Nossa ideia é que mais mulheres atuem nesse ramo. Se temos engenheiras, também podemos ter mulheres na construção civil”, justificou.

Difícil vai ser encontrar profissionais que estejam à altura da exigência de Lia. “Não gosto de desperdiçar o material do cliente nem de demorar para finalizar a obra. Até hoje preferi trabalhar sozinha porque é difícil encontrar pessoas comprometidas”, concluiu. Currículos e pedidos de orçamentos podem ser enviados para o e-mail d.lia.pedreira@hotmail.com




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