Setecidades Titulo Comportamento
União informal é opção
de 26% dos casais

Censo 210 do IBGE mostra que aumentou proporção
de relacionamentos sem oficialização civil e religiosa

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
18/10/2012 | 07:00
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Na região, um em cada quatro casais vive em relação consensual, ou seja, sem oficialização civil ou religiosa. Os dados integram o Censo 2010 e foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pouco mais da metade, no entanto, optou por formalizar a união perante a lei e as igrejas.

O levantamento mostra que, em uma década, a proporção de habitantes casados na região seguiu praticamente a mesma. No entanto, a de relacionamentos considerados informais aumentou. Em 2000, representavam um quinto do total de uniões. O percentual passou de 22,8% para 26,1% entre as sete cidades - elevação mais discreta que a registrada no País e no Estado (veja reportagem ao lado). Em números absolutos, a região tem cerca de 147 mil casais que optaram por viver juntos sem assinar papéis ou recorrer à bênção de religiosos - alta de 22% em relação a 2000.

No mesmo período, a porcentagem de casais unidos pela lei e pelas igrejas baixou de 57,7% para 52,3%. Aproximadamente 295 mil casais da região informaram seguir este tipo de união em 2010.

Também houve alta em relação à quantidade absoluta de moradores que escolheram casar só no civil em dez anos. Hoje, são cerca de 116 mil casais nesta situação, o que corresponde a 20,6% do total de casados.

Em contrapartida, aqueles que se casaram apenas na igreja são minoria. O percentual passou de 0,3% para 0,8% em relação ao total de casados na última década. Em números absolutos houve queda de 13%. Atualmente são 4.721 casais nesta situação.

Entre os sete municípios, Diadema é o que concentra maior porcentagem de casados informalmente em relação ao total, 35,3%, seguida por Rio Grande da Serra, com 28,4%, Mauá (27,2%), São Bernardo (25,9%) e Ribbeirão Pires (23,7%). Na lanterna do ranking, São Caetano (18,1%) e Santo André (22,5%).

MUDANÇA DE PERFIL

Uma das explicações para que o casamento informal, prática considerada ofensiva há 30 anos, tenha ganhado força é a mudança no Código Civil Brasileiro, estabelecido pela Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Conforme explica o coordenador do curso de Direito da FSA (Fundação Santo André), Lincoln Marcellos, as pessoas passaram a ter  seus direitos patrimoniais garantidos mesmo sem a formalização, por meio da união estável.

Para o sociólogo e coordenador do curso de Filosofia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Marcelo Carvalho, esta tendência está associada à mudança do perfil dos relacionamentos e à forma como a sociedade passou a enxergar esta questão, sem preconceitos. "Há três décadas, por exemplo, morar junto era considerado concubinato", diz.

Por outro lado, a alta no número de casamentos informais também mostra a perda da importância da religião para as pessoas. "É curioso perceber que praticamente 50% da população não envolve a igreja nesta fase da vida", observa.

Região concentra mais casados que País e Estado 

O Grande ABC concentra maior porcentagem entre as pessoas que estão casadas no civil e nas igrejas quando comparado aos dados nacionais e estaduais. Nas sete cidades, a proporção é de 52,5%, no Brasil, 42,9% e no Estado, 50,60%.

Em São Paulo, são cerca de 18,1 milhões de pessoas casadas perante à lei e aos religiosos, sendo que a proporção entre os que escolheram a união consensual passou de 23,9% para 29,4%. Enquanto isso, a porcentagem de casais que optaram pelo casamento civil e religioso baixou de 57,27% para 50,60%.

No País, a proporção daqueles que vivem em união consensual foi de 28,6% em 2000 para 36,4% e o porcentual de casados no civil e no religioso caiu de 49,4% para 42,9%.




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