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Especialistas apontam falta de estrutura

Diálogo entre gestores e investimento em ferrovias evitariam caos na Anchieta

Fábio Munhoz
29/05/2013 | 07:00
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Especialistas ouvidos pela equipe do Diário apontam a falta de infraestrutura para transporte de carga e a ausência de diálogo entre gestores como as principais causas do megacongestionamento nas rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni, registrados entre a noite de segunda-feira e a tarde de ontem. Entre as soluções apontadas está a criação de ferrovias para facilitar o abastecimento ao Porto de Santos.

O engenheiro João Vírgilio Merighi, professor da Universidade Mackenzie e presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura de Transportes, critica a decisão adotada pela prefeita de Cubatão, Marcia Rosa (PT), de fechar os dois pátios da cidade para estacionamento de caminhões entre 18h e 8h. “Ela tem que, primeiro, esgotar todas as formas de diálogo. A prefeita não está enxergando que a saída do País é esse porto? Ela prejudicou o nome do Brasil. Se o caminhão não chega, a carga não sai.”

Merighi estende as críticas à Ecovias e à Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo). “Elas têm de fazer análises antecipadas para não serem surpreendidas. Quando surgiram as primeiras reclamações de Cubatão, Artesp e Ecovias já deveriam ter iniciado estudos para evitar essa situação.”

Já o engenheiro de tráfego e transporte Horácio Figueira diminui a responsabilidade da prefeitura e cobra investimentos do Estado e da União em infraestrutura. “A medida dela foi mais política, de que a chegada dos caminhões provoca caos, ninguém se mexe e Cubatão é a cidade mais afetada.”

“É preciso construir mais uma via para subida e outra para descida de trens. Os caminhões, sozinhos, não vão conseguir segurar o crescimento da demanda. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial não há política séria de ampliação da malha ferroviária”, complementa Figueira. De 1854 a 1953, diz o especialista, o Brasil construiu 36.388 quilômetros de trilhos. Desde então, muitas ferrovias foram desativadas por não serem consideradas economicamente viáveis. O Estado tem planos para construção do Ferroanel, mas não há prazo.

MULTAS

O vice-presidente do Setrans (Sindicato das Empresas de Transporte) ABC, Antônio Caetano Pinto, destaca que os engarrafamentos afetam companhias do setor. Isso porque a Lei 12.619, conhecida como Lei do Descanso, impede que os caminhoneiros ultrapassem carga horária de trabalho de dez horas. “Não temos como substituir esses funcionários e as empresas acabam sendo multadas”, diz. (Colaborou Natália Fernandjes) 




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