Cultura & Lazer Titulo
Um balanço dos teatros do ABC
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
22/12/2001 | 14:30
Compartilhar notícia


Dos 14 teatros em funcionamento administrados pelos municípios do Grande ABC, oito passaram boa parte do ano com buracos na programação – público sem espetáculos. A maioria dos artistas encarou platéias resumidas – espetáculos sem público. O problema do “Nada Programado” se dá com intensidade diferente em cada cidade, mas é uma constante no panorama cultural da região. Rio Grande da Serra, por exemplo, não possui um teatro. Se a situação não é drástica para a dança, a música e o teatro, ela, no mínimo, incomoda.

“A qualidade das apresentações é prioridade em Santo André. Não procuramos o popularesco”, afirma a coordenadora de pauta do Municipal andreense, Sonia Varuzza. Isso significa que nem sempre o público afluiu ao teatro, apesar dos atributos dos espetáculos. Graças à programação mais extensa, o Fundo de Assistência à Cultura (FAC) arrecadou ao longo deste ano, segundo a Secretaria de Cultura, R$ 25,3 mil – R$ 9,4 mil a mais que em 2000.

De acordo com o diretor de Cultura de São Bernardo, Osmar Cussiol, os teatros da cidade permanecem fechados às segundas-feiras. “Às terças e quartas, são cedidos para escolas, seminários e palestras”, diz. A programação de dezembro, divulgada pelo Departamento de Ações Culturais da Secretaria de Educação e Cultura, relacionou 20 apresentações nos quatro teatros municipais – média de 1,25 apresentação semanal para cada um.

A Fundação das Artes de São Caetano (Fundarte) gerencia os três teatros da cidade. Para o diretor da Fundarte, Antonio Carlos Neves Pinto, “programar quatro ou cinco espetáculos todo dia é uma ilusão”. “As pessoas não saem de casa, a TV e a violência influenciam. E o poder aquisitivo está reduzido”, afirma.

A diretora de Cultura de Diadema, Sueli Chan Ferreira, reconhece que durante a semana o Teatro Clara Nunes, principal espaço cultural da cidade, teve uma programação esporádica. “Diadema é uma cidade de trabalhadores e estudantes. As pessoas têm tempo escasso para lazer e cultura. E os eventos são descentralizados pelos centros culturais nos bairros”, diz. Sueli destaca também que “todas as atividades culturais foram gratuitas”.

“No Vinicius de Moraes tivemos uma ocupação de cerca de 250 dias, geralmente de quinta a domingo, com um público médio de 100 pessoas”, afirma o diretor de Cultura de Mauá, José Estevam Gazinhato. Esses números, porém, englobam apresentações fechadas para escolas.

Para o gerente de Cultura de Ribeirão Pires, Roberto Lima, “o público está refluindo até em São Paulo, e não é somente por causa da violência”. “Não há a tradição do horário alternativo e a formação de público é um processo longo”, diz.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;