Política Titulo Ação e reação
Dinah bate o pé, Aidan
recua e não anuncia vice

Vice-prefeita ameaçou deixar PTB e retirar seus secretários,
se o chefe do Executivo escolhesse o tucano para seu posto

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
16/06/2012 | 07:39
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A vice-prefeita de Santo André, Dinah Zekcer (PTB), não engoliu a tentativa de troca na cabeça da chapa do projeto de reeleição, arquitetada pelo prefeito Aidan Ravin (PTB). A petebista bateu o pé e conseguiu fazer com que Aidan recuasse de seu plano de colocar e anunciar ontem o presidente do PSDB andreense, Ricardo Torres, como vice na campanha.

Pela manhã, Dinah mostrou surpresa com a definição feita na quinta-feira à noite, que a tirava da dobrada com Aidan em preferência a Torres. Em entrevista à Rádio ABC, com voz embargada, falou em falta de ética e respeito por ter sido excluída do processo. "Parece que foi resolvido de forma unilateral", afirmou a vice, minutos depois de ler sobre a movimentação no Diário.

Ao chegar ao Paço, decidiu brigar por sua manutenção na chapa. Fez diversas e extensas reuniões, com assessores políticos, presidentes de partidos e até mesmo com Aidan. Com o prefeito, subiu o tom e ameaçou romper com a candidatura petebista se Torres fosse confirmado como vice.

Disse a Aidan que, caso houvesse troca no posto, deixaria a presidência do PTB, o que poderia inviabilizar a homologação da chapa majoritária, pois não haveria tempo hábil até a convenção (marcada para o dia 24) para escolha de novo presidente municipal.

Assegurou também que causaria uma debandada no primeiro escalão, semelhante à promovida pela ex-vice-prefeita Ivete Garcia (PT) quando, em 2008, foi preterida do processo de sucessão do ex-prefeito João Avamileno pelo então deputado estadual Vanderlei Siraque (PT). Dinah falou que abandonaria o governo e levaria consigo os secretários Frederico Muraro (Habitação), Niljanil Bueno Brasil (Assuntos Jurídicos), Alberto Casalinho (Obras) e Adilson de Lima (Segurança Pública).

A cartada da vice fez Aidan rever o acordo selado com o tucanato na noite anterior. E garantiu para Dinah que a decisão seria tirada em votação igualitária entre os seis partidos da atual coalizão: PTB, PTdoB, PPS, PSB, PSDB e DEM.

Marcado para o anúncio de Torres como vice, o evento político realizado ontem à noite na região central da cidade serviu apenas como instrução a pré-candidatos, com discursos de união no arco de alianças.

"Não existe polêmica", minimizou Aidan, após a atividade. Sem criticar a entrevista ácida de Dinah pela manhã, o prefeito disse que houve "confusão" na divulgação de informações sobre o encontro que participou na quinta-feira no PSDB. "Em nenhum momento disse que tínhamos definido o vice. Não posso ter opinião pessoal em cima do grupo."

Aidan mostrou otimismo na presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em seu palanque, mesmo se não houver um tucano na dobrada. "Nunca ouvi dele essa condição (de ter a vice para a adesão). O governador é um parceiro, um amigo."

Depois do evento político, Dinah adotou discurso mais ameno. Visivelmente aliviada - diferentemente do tom apreensivo na entrevista de manhã -, a petebista afirmou não ter conhecimento da reunião do prefeito no tucanato, mas que as diversas reuniões durante a tarde no Paço acalmaram sinais de insatisfação.

"Claro que fiquei surpresa, porque tinha combinado com o Aidan de conversar sobre isso antes. Mas as coisas acontecem assim quando há vários partidos no arco. Fica tudo mais difícil", disse Dinah.

 

Petebista diz que precisa pensar se aceitaria troca

Apesar de amenizar publicamente a ameaça de troca da vice na chapa de reeleição do prefeito Aidan Ravin (PTB), Dinah Zekcer (PTB) deu sinais que ser preterida da corrida eleitoral em detrimento do apoio do PSDB está longe de seus planos.

"Preciso pensar", respondeu Dinah, ao ser questionada se aceitaria ceder seu posto para o presidente do PSDB de Santo André, Ricardo Torres. "A reação de hoje foi... fiquei encantada. Nunca pensei que a reação fosse tão forte como foi hoje (ontem). O pessoal que me conhece ficou realmente louco, não entendia, como eu não entendi (sua saída na dobrada com Aidan). Foi toda uma vida ligada à política. De repente não sou mais? Simplesmente pelo jornal?", disse a petebista sobre o apoio que teve de correligionários.

A petebista, porém, não descartou completamente deixar a vaga. "Quando vi aquilo (notícia de que Aidan escolhera um tucano como vice sem avisá-la) quase tive um ‘treco'. É possível, sim (a troca), desde que seja conversado comigo. Desde que seja falado, que eu saiba."

Em discurso no ato político de ontem à noite, Aidan reiteradas vezes pediu união do arco de alianças, ao avaliar que a eleição de outubro não será "fácil, simples ou tranquila". "Mas será gostosa", ressaltou.

 

FACA NO PESCOÇO

Ricardo Torres voltou a pressionar Aidan, ressaltando obrigação oriunda da executiva estadual para ter a vice ou lançar candidatura própria. "Hoje foi a primeira vez que tive oportunidade de levar essa determinação que tenho aos seis presidentes de partidos da coligação. Esperamos ter adesão de todo mundo, pelo entendimento que o PSDB é importante para a coligação."

O tucano admitiu, no entanto, que o vazamento da garantia dada por Aidan que pinçaria um tucano para ser seu vice "causou desconforto". "O prefeito foi à reunião dos pré-candidatos para oficializar intenção de ter o PSDB em sua coligação. Não falou sobre vice. Mas acredito que definiremos nos próximos dias." RR




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