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Desigualdade e desenvolvimento
Moisés Pais dos Santos*
13/08/2016 | 07:19
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Da mesma forma que existem diversas teorias para explicar os efeitos da desigualdade sobre o crescimento econômico, também existem formulações teóricas para explicar o impacto do desenvolvimento econômico na desigualdade de renda. O economista russo Simon Kuznets foi pioneiro no estudo da relação entre desigualdade e desenvolvimento econômico nas décadas de 1950 e 1960.

Segundo esse economista, conforme a economia experimentava o processo de desenvolvimento econômico, a desigualdade de renda tenderia a aumentar até determinado grau para, depois, iniciar processo de redução. Sua explicação está baseada na hipótese da existência de uma economia com apenas dois setores: um agrícola e outro industrial. Os trabalhadores migravam do campo para a cidade em busca de remuneração mais elevada, provocando alteração na distribuição de riqueza.

Num primeiro momento, à medida em que a industrialização avançava, ocorria o êxodo rural e aumentava a disparidade de renda entre trabalhadores. Já num estágio mais avançado de desenvolvimento, a redução no tamanho da força de trabalho na agricultura causava elevação no salário dos trabalhadores agrícolas, contribuindo para reduzir a desigualdade de renda. Sendo assim, existia uma relação não linear (positiva e negativa) entre desigualdade e desenvolvimento que pode ser ilustrada pela curva de Kuznets no formato de um U-invertido, conforme figura a seguir.

Alguns pesquisadores alertam para o fato de que o formato da curva de Kuznets também pode ser consequência do efeito de políticas redistributivas. Segundo o economista francês Piketty, a desigualdade tem como causa principal a acumulação de capital. Também as diferenças de rendimentos entre os trabalhadores são explicadas pela desigualdade herdada das gerações passadas.

Os trabalhos de Kuznets têm inspirado outros pesquisadores e, mais recentemente, seu estudo foi adaptado para teorizar a respeito das preocupações com questões ambientais numa relação que é conhecida como curva de Kuznets ambiental. Esses estudos assumem a hipótese da existência de uma relação não linear entre degradação ambiental e desenvolvimento econômico. Sendo assim, conforme as economias crescem e se desenvolvem, há melhora na legislação que restringe a degradação do meio ambiente (poluição, por exemplo). A degradação ambiental aumenta até determinado ponto para depois, então, começar a diminuir.

Cada economista citado neste texto deu contribuição para a melhor compreensão das causas da má distribuição de renda. Essa compreensão é fundamental à elaboração de propostas para redução da desigualdade de renda. 


* Economista e professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade Metodista de São Paulo




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