Cultura & Lazer Titulo Revelação
Colcha de retalhos sem costura
Mariana Trigo
Da TV Press
14/12/2008 | 07:01
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Uma colcha de retalhos sem costuras. Esta é a primeira sensação que se tem ao assistir Revelação, do SBT, que alcançou 9 pontos de média na estréia. Muitas idéias soltas e quase nenhuma continuidade de informações fazem com que a primeira novela de Íris Abravanel, primeira-dama da emissora, pareça um apanhado de takes desconexos. Em contrapartida, a única história mais inteligível é a dos mocinhos Lucas e Victória, vividos por Sérgio Abreu e Tainá Muller, e o clichê do amor impossível.

Durante as tomadas do casal em Madri e Lisboa, ficou perceptível a intenção de fazer uma trama mais contemporânea, nos moldes das novelas da Globo que começam no Exterior e os personagens voltam ao Brasil para se estabelecer em seus respectivos núcleos. No entanto, não existe uma história ou argumento que, pelo menos, justifique as gravações nessas cidades. Pareceu puro deslumbramento ou um apelo banal às imagens gravadas em outro País.

A trivialidade se estende a outras concepções. Quase todas as tomadas começam com gruas subindo, descendo, rodando, num excesso de movimentação sem um propósito ou conceito dramatúrgico, que chega a quase causar náuseas no telespectador. Pior ainda quando se apresenta cenas incansavelmente picotadas, numa edição frenética e cansativa sem ser justificada pela própria história.

Entre um abusivo deslocamento e outro, foi possível observar cenários impecáveis e uma cuidadosa produção de arte, o que não é comum em tramas do SBT.

Mesmo assim, a assinatura da emissora estava lá, na insistente luz chapada de suas produções. Justamente por isso, as cenas externas foram mais bem acabadas, principalmente na interessante locação da fazenda colonial de Ermínio Fernandes, vivido pelo excelente Antônio Petrin, que se sobressai como um dos pontos altos da trama.

Outro destaque da produção foi a interpretação de personagens secundários, como o Maçarico, interpretado por Felipe Cardoso. Flávio Galvão - o prefeito da fictícia cidadezinha Tirânia - também se sobressaiu na produção, que pode agradar ao público do SBT.

Com coreografias melosas, típicas dos programas de auditório da emissora, a abertura da novela reflete o gosto das produções da casa. Ao som da música Amanhece Um Outro Dia, de Sá, Rodrix e Guarabyra, um casal dança por cenários soturnos durante a abertura, que se encerra num solar e colorido campo de flores com um close de uma flor se abrindo. Mais "Silvio Santos", impossível. A novela vai ao ar de segunda a sábado, às 23h.




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