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Novos 'derbys' para reviver emoções de 1950
Ademir Médici
Do Diário do Grande ABC
25/04/2010 | 07:01
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O acesso do São Bernardo à divisão maior do futebol paulista traz de volta o entusiasmo experimentado pela região 60 anos atrás. Naquele tempo, idos de 1948, 1949, 1950, 1951, o futebol paulista se profissionalizava Interior afora, com a Segunda Divisão, e numa das chaves, em 1950, reuniu pela primeira vez equipes locais: Corinthians, de Santo André; São Bernardo (chamado Esporte) e Palestra, de São Bernardo; e São Caetano EC, o veterano, que nada tem a ver com o Azulão dos dias atuais.

Os derbys locais que vinham do amadorismo ganhavam novas luzes. E nunca, até então, se usaram tanto as expressões ceboleiros, batateiros e tijoleiros, para se referir aos dirigentes, atletas e torcedores das três cidades. Eram jogos de ida e volta, verdadeiros clássicos, mesmo porque a equipe benjamim - como se dizia - tinha seus 15 anos de fundação, no caso o Palestra, fundado em 1935. O Esporte é de 1928, o Corinthians de 1912 e o São Caetano de 1914.

Detalhe importante: os clubes que fundaram o profissionalismo no Grande ABC sobrevivem até hoje e seus antigos simpatizantes, com certeza, devem estar relacionando a realidade deste 2010 com aquela da virada dos anos 1940 para 1950. E devem se perguntar: como serão emocionantes os derbys entre Santo André, Azulão e São Bernardo no Campeonato Paulista de 2011.

HISTÓRIA - Os derbys locais vêm dos tempos do amadorismo, quando os campeonatos eram regionais, envolvendo além dos quatro profissionais, mais o Primeiro de Maio FC, representantes de Mauá (AA Industrial) e Ribeirão Pires FC. Eram os certames da LEMS ( Liga Esportiva Municipal São-Bernardense) - em alusão ao nome do município, São Bernardo, com seus vários distritos - não eram sete cidades, mas uma só.

Quando Santo André passa a sede do município, cria-se a Associação e depois Liga Santoandreense, em substituição a LEMS e sem que a rivalidade futebolística diminua.

Coube ao velho São Caetano estrear numa Divisão Profissional, em 1948, como único representante regional, transformando-se no Expressivo da Vitória. Seus jogos eram mandados no velho e desaparecido estádio da Rua Paraíba, hoje ocupado por habitações comerciais e residenciais.

Em 1949, a Série Paulista ou Vermelha da Segunda Divisão de Profissionais reúne, além do São Caetano EC, outro representante local, o Corinthians FC, de Santo André. No certame de 1950 - exatos 60 anos atrás - pela primeira vez um campeonato profissional de futebol tem entre os seus disputantes cinco equipes do futuro Grande ABC: São Caetano e Corinthians, já calejados dos certames anteriores, mais São Bernardo e Palestra.

O campeão da série local é o São Caetano. Os confrontos eram entre as equipes do Grande ABC, Capital, Sorocaba, Porto Feliz e Jundiaí. Nas finais, o São Caetano fracassa e quem ascende à Primeira Divisão é o Radium, de Mococa.

Vem o campeonato de 1951, novamente com as quatro equipes do Grande ABC disputando um lugar ao sol na Divisão Especial. O Corinthians, de Santo André, ganha a série da Zona Sul, mas perde nas finais. Sobe o XV de Piracicaba para o campeonato maior de 1952. Já a Segunda Divisão de 1952 tem como único representante do Grande ABC o São Caetano.

Várias equipes da região disputaram campeonatos profissionais, e oficiais, nos anos seguintes. O São Caetano chega a jogar a divisão principal, com Corinthians, Palmeiras, Santos, Portuguesa de Desportos e São Paulo. Para isso precisou se coligar com o Comercial paulistano e trocar o nome para São Bento. Foram dois campeonatos seguidos, com pífias colocações, até que o São Bento voltasse a ser, simplesmente, São Caetano EC, para nunca mais se aventurar ao profissionalismo.

Corinthians, de Santo André, Irmãos Romano, de São Bernardo, Cerâmica, de São Caetano, Aliança, de São Bernardo, entre outros clubes, enveredam pelo profissionalismo. O Saad chega a disputar na divisão principal, como convidado, mas será o Santo André, já na década de 1980, que conquistará no campo, jogando, um lugar entre os grandes, seguido, anos depois, pelo Azulão.

Que venha o terceiro representante, o São Bernardo. E os velhos derbys do Grande ABC, ou dos ceboleiros, batateiros e tijoleiros voltarão vibrantes em novos palcos, pois o Bruno Daniel, Anacleto Campanela, Primeiro de Maio são casas muito recentes do futebol local, se comparadas com os campos do futebol amador inaugurados há quase um século.




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