“Tive de deixar minha cidade, minha filha e meu marido. E isso não é muito fácil, ainda mais de uma hora para outra”, afirma. Patrícia garante que até já se acostumou com a rotina de viver na ponte-aérea entre Rio e São Paulo. E não se arrepende da decisão. “Mesmo passando a semana longe da minha família, o esforço está sendo compensado. Está sendo um prazer viver a Rosa”, avalia.
PERGUNTA:Você ficou com medo de aceitar
o convite da Record, depois do fracasso de
Metamorphoses?
PATRÍCIA FRANÇA: Vou onde o trabalho estiver.
Se o trabalho é legal, tem gente competente
envolvida, se a história é boa e se o
personagem for bom, eu estou lá, independentemente
de onde seja. Eu vou de
corpo e alma, seja cinema, televisão ou
teatro. O que a gente precisa é trabalhar.
Como a gente vive num mercado extremamente
competitivo, não dá para ficar rejeitando
propostas de trabalho. É importante
destacar também que é ótimo a Record
querer se estabelecer como um novo pólo
de produção de telenovelas. Não podemos
contar apenas com uma emissora como a
única representante do mercado de teledramaturgia.
É preciso acabar com o monopólio,
porque ele existe e é real. Além
disso, é necessário oxigenar mais o mercado,
criar novas oportunidades de trabalho
para os profissionais.
PERGUNTA: Na primeira versão, a luta pelo
fim da escravidão era usada também
como uma maneira de se falar da opressão
vivida durante a época da ditadura militar.
Que ponto você destacaria de mais importante
nessa nova versão?
PATRÍCIA: Sou uma representante quase
branca da raça negra e acredito que mostrar
o cotidiano sofrido das senzalas foi
um dos motivos para aceitar o convite.
Acho importante que a gente se lembre
disso na novela, que trata dos sofrimentos
dos negros. E a Rosa toca nas feridas da escravidão.
Ela quer mostrar a mancha que a
humanidade criou. Acho que isso é bem legal,
pois nos faz refletir e lembrar como os
escravos eram tratados na época.
PERGUNTA: Qual avaliação você faz da
Rosa?
PATRÍCIA: Ela é o oposto da Isaura. Enquanto
ela é a ternura em pessoa, apesar de
todo sofrimento, a Rosa é ardilosa, oportunista
e que não aceita o fato de ser quase
tão branca quanto a Isaura e não ter tido a
mesma oportunidade que ela na vida. Mas
o que eu acho mais interessante em interpretar
a Rosa é que ela está sempre ali entre
os senhores lembrando o quanto é difícil
a vida daquelas pessoas que vivem nas
senzalas, na escravidão. Ela é muito revoltada.
Acho que o público está se surpreendendo
um pouco de me ver tão má. Além
disso, o que acho mais interessante na personagem
é que ela é uma pessoa extremamente
inconformada, que está sempre
cutucando as feridas daquela sociedade.
Ela mostra como é difícil viver ali, cercada
de injustiças. Acho muito interessante
a personagem sobretudo por isso tudo,
porque ela está ali para lembrar todos os
desmandos dos senhores de escravos.
Além disso, ela ainda tem um ar de deboche
e ironia bem elevados.
PERGUNTA: Dá mais prazer interpretar
uma vilã?
PATRÍCIA: Fazer ou não uma vilã não importa.
Cada personagem tem sua história,
suas dificuldades e características.
Não que seja mais interessante fazer
uma vilã. Tudo está realmente no personagem.
Se for bom, vai ser legal de se fazer.
PERGUNTA: Você chegou a tomar alguns
cuidados para compor a personagem de
Rosa?
PATRÍCIA: O que me preocupou num primeiro
momento era como a Rosa iria falar,
se expressar como uma escrava. Mas
eu fui buscar no próprio texto do Thiago
Santiago, porque ele já escreve da forma
que vamos falar. Ou seja: eu falo conforme
está escrito, como “ocê”, “dançano”,
“tumem”, por exemplo. A maneira e os
trejeitos de interpretar, porém, eu me
inspirei na minha empregada.
PERGUNTA: Além da televisão, você já tem
algum projeto agendado para voltar ao
teatro e ao cinema?
PATRÍCIA: Pretendo voltar aos palcos no
ano que vem e já tenho até um texto
pronto para encenar. Mas depende de
vários fatores, como patrocínio, por
exemplo. No cinema, que é um tipo de
trabalho que todo ator quer fazer, ainda
não pintou convite nenhum até o momento.
Sei que é difícil de ser convidada,
mas aguardo ansiosa voltar à tela grande.
O que acontece, porém, é que estão
sempre escalando os mesmos atores.
Acaba sendo uma grande panelinha, o
que me deixa um pouco chateada com
essa situação. Mas a gente quer sempre
mais e, por isso, estou esperando novos
convites.
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