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No Pico do Bonilha, perto do céu
Por Vanessa Selicani
Especial para o Diário
25/05/2007 | 07:05
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No topo do ponto mais alto do Grande ABC, um mar de cidade parece querer engolir a Serra do Mar. Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, São Bernardo, Diadema, São Caetano e São Paulo juntas num único olhar. E num virar de ombros, o verde que resta da Mata Atlântica.

Com 974 m além do nível do mar, o Pico do Bonilha ainda é quase um desconhecido para os moradores do Grande ABC. Quinta-feira, uma turma de quase 40 pessoas que participavam do 9º Congresso de História do Grande ABC ousou subir ao céu.

O caminho íngreme e escorregadio foi a penitência exigida a quem quis ser Deus por um dia. Alguns desistiram ao ver o desafio da subida. Nada que assustasse Mário Giroldo, aos 70 anos. De sapato, blusão de lã e calça social, ele foi devagar, quase imperceptível no meio dos escorregões alheios. E para quem superou o cansaço, o presente de se estar no Olimpo do Grande ABC.

Na função de responder às milhares de perguntas de quem chegou ao topo, estava Simone Csifoni, membro do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico. “A vista daqui é linda. Uma pena que não se invista em infra-estrutura e fiscalização para facilitar a vinda das pessoas”, disse.

No centro do pico, uma base pequena de cimento chamava a atenção. “Aí estava uma cruz de cimento de uns 3 metros de altura, mas foi levada por vândalos há cinco anos”, explicou o segurança Daniel Gomes Liduar, da empresa Emparsanco, que fica ao lado do pico.

Quem colocou a cruz ali ninguém sabe. “Dizem que há muitos anos um avião bimotor bateu aqui e todas as pessoas morreram”, conta Simone.

Já Liduar, que trabalha ao lado do Pico Bonilha há 17 anos acredita que a cruz tenha sido trazida por um religioso.

Durante a noite, grupos de fiéis de igrejas protestantes da região sobem o pico para orar. “Até eu venho aqui para tocar gaita sozinho e fico vendo as luzes das cidades”, confessou o segurança.

De volta ao chão, os memorialistas do congresso de história estavam sujos de barro e cansados. Menos o senhor Mário Giroldo, impecável em seu traje de passeio.

Quem quer visitar o Pico do Bonilha precisa marcar um horário na Emparsanco, que cuida do portão de entrada, pelo telefone 4334-8000.

O 9º Congresso de História do Grande ABC ocorre até este sábado, em São Bernardo, na Alameda Glória, 197. (Supervisão de Cláudia Fernandes)




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