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Varíola do macaco deixa o Grande ABC em alerta

Ministério da Saúde monitora três casos no Brasil; especialista prevê contaminações globalizada em futuro próximo

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
02/06/2022 | 00:01
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CDC/Brian W.J. Mahy/ABr


Embora ainda não haja casos confirmados da varíola do macaco no Brasil, as redes de saúde da região estão em alerta para a possibilidade de ter de lidar com pacientes infectados. Com casos confirmados na Europa, na América do Norte e na América do Sul, a doença é transmitida por vírus semelhante ao da varíola humana e até o ano passado eram diagnosticados poucos casos fora do continente africano, onde a doença é endêmica em alguns países. Já são pelo menos 500 pessoas contaminadas em 24 nações, entre elas a Argentina, que informou dois pacientes infectados. No Brasil, o Ministério da Saúde monitora dois casos suspeitos, um no Ceará e outro em Santa Catarina, além de acompanhar um terceiro paciente, no Rio Grande do Sul. 

Infectologista especialista em moléstias infecciosas e parasitárias do A.C. Camargo Câncer Center, Anna Claudia Turdo explicou que a varíola do macaco é menos letal do que a varíola humana. A doença começa com febre, dor de cabeça, dor muscular e aumento dos gânglios linfáticos. De um a três dias do aparecimento da febre, inicia-se a erupção cutânea, primeiramente pela face, espalhando-se pelo corpo. Essa erupção é caracterizada inicialmente por manchas, seguida por pápulas (lesões), vesículas, pústulas (bolas com pus) e crostas. O período de transmissão ocorre, normalmente, quando surgem os sintomas e as erupções cutâneas.

A especialista afirmou que todos os serviços de saúde receberam comunicado com alerta da vigilância epidemiológica, além de orientações para coleta de exames e diagnóstico clínico. “Estamos nos preparando se houver aumento de casos no território nacional. Temos um fluxo grande de viajantes que passam por diversos locais e não será surpresa o diagnóstico em nosso País em futuro próximo”, pontuou Anna Claudia.

A infectologista avaliou, no entanto, que diferentemente do que houve com a Covid, que se tornou uma pandemia, a transmissibilidade da varíola do macaco é bastante inferior à do coronavírus. “Contamos com a imunidade conferida aos já vacinados antigamente. Além disso, já temos as vacinas, porém ainda não em grande escala. Concluindo, apesar de mantermos vigilância e cuidados para uma pandemia não ocorrer, acreditamos que não chegaremos nesse nível e conseguiremos controle mais rápido”, afirmou. Entre as medidas de prevenção estão o uso de máscara, higienização constante das mãos e evitar contato com pessoas contaminadas.

Anna Claudia concluiu que o fortalecimento das medidas de vigilância são fundamentais nesse momento e citou a disseminação em tempo hábil de informações aos profissionais e serviços de saúde para identificar rapidamente os casos suspeitos, isolar os pacientes e comunicar as autoridades competentes. “Frente a uma nova suspeita o caso é investigado, isolado e os órgãos de vigilância iniciam a investigação de contatos a fim de instituir medidas de precaução e evitar o avanço da doença”, finalizou.

A Prefeitura de Santo André informou que as equipes de saúde já estão preparadas e capacitadas para fazer a gestão de possíveis casos da doença. “O município segue as orientações do alerta epidemiológico emitido pelo Estado no que se refere a identificação e notificação de possíveis casos, bem como isolamento e investigação de contatos”, informou em nota. São Caetano também relatou que os hospitais dispõem de protocolo para atendimento das doenças exantemáticas, entre elas os casos de varíola. Que todas as unidades dispõem de isolamento respiratório para casos de doença de transmissão aérea e de contato, além da disponibilidade de investigação diagnóstica das enfermidades exantemáticas quando necessário.

As demais prefeituras – com exceção de Rio Grande da Serra, que não respondeu –, informaram que aguardam orientações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde sobre as ações. A Secretaria de Estado da Saúde informou que está atenta ao cenário para definição de estratégias em casos de suspeita. “A pasta estadual possui estrutura necessária para avaliações dos exames, de acordo com as diretrizes internacionais, por meio do Laboratório Estratégico do Adolfo Lutz”, informou em nota.




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