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Internações por Covid-19 dobram no Grande ABC

Região tinha 897 pessoas hospitalizadas em dezembro, número subiu para 1.800

Aline Melo
21/03/2021 | 00:02
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EBC


O número de internações em razão da Covid-19 dobrou no Grande ABC em 2021. Em 31 de dezembro, as sete cidades da região tinham 897 pessoas hospitalizadas. Esse número passou para 1.800 na última sexta-feira. A maioria das cidades do Grande ABC está com leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de enfermaria acima de 90% de ocupação ou com todas as vagas preenchidas por doentes contaminados com o coronavírus.

O aumento no número de internações, segundo especialistas, se deve à combinação do surgimento de um novo subtipo do coronavírus, oriundo de Manaus (Amazonas), mais infectante e que tem deixado pessoas mais jovens em estado grave. E também do relaxamento das regras de distanciamento físico à medida em que o governo estadual afrouxou as normas da quarentena. Em Santo André, 576 pessoas estão hospitalizadas. Em São Bernardo são 444; em São Caetano, 129; em Diadema, 576; em Mauá, 48; e em Ribeirão Pires, 41. Rio Grande da Serra não tem leitos de internação – confira a evolução dos números na tabela ao lado.

O gestor do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Enrico Andrade, explicou que nesta segunda onda da doença houve mudanças no perfil dos pacientes que precisam de hospitalização. Se em abril, maio e junho de 2020 a maior parte das pessoas contaminadas e que necessitavam de internação era de idosos, agora são mais os jovens que procuram atendimento médico com estado já agravado, e não podem se tratar em casa.

Além do aumento nas internações, esses pacientes jovens costumam ocupar por mais tempo os leitos. “No começo da pandemia, um idoso que precisasse de UTI ia ficar cerca de três dias internados. Se nesse prazo não houvesse uma recuperação, boa parte deles iria morrer”, explicou. “Já entre pessoas mais jovens e com mais resistência ao vírus, o período de internação é maior, entre sete e dez dias. Eles têm mais chances de se recuperar, mas isso reduz a rotatividade dos leitos”, completou.

Todo esse cenário, um vírus mais transmissível e pacientes jovens que ficam mais tempo nos leitos, têm feito com que as cidades tenham menos possibilidade de manejo entre os leitos, esgotando a capacidade dos sistemas de saúde municipais. “Os governos passaram a se organizar, tanto para abertura de leitos quanto para disponibilidade de insumos, pelos primeiros meses da pandemia”, relatou o gestor da USCS. “Essa mudança no perfil pegou todo mundo de surpresa. Ninguém imaginava que tantas pessoas mais jovens iriam ficar em estado tão grave”, pontuou.

Outra consequência dessa mudança no perfil do paciente que precisa ficar no hospital, explicou o gestor, é a maior necessidade de insumos para internação. “Se o paciente passa mais tempo internado, ele vai precisar de doses maiores de sedativos, de bloqueadores musculares, e isso já está se refletindo em escassez desses produtos no mercado.” 




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