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Gabriela Duarte: apreço pelas mocinhas
Mariana Trigo
Da TV Press
06/01/2008 | 07:01
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Gabriela Duarte se orgulha de sempre ter feito personagens “chatas” na TV. Como Miriam, em Sete Pecados, a atriz mais uma vez é boa-moça. “Gosto de personagens assim porque têm uma energia boa. Não tenho vontade de fazer uma malvada”.

A atriz interpreta uma mulher que luta contra os preconceitos raciais e sociais e crê na melhoria do ensino público. “Esse trabalho tem me deixado cada vez mais empolgada. As atitudes da Miriam me emocionam”, derrete-se.

Você é sempre comparada a sua mãe. Como lida com isso?
GABRIELA DUARTE – Em todo início de carreira as pessoas julgam muito. Quando já conhecem seu trabalho, sua vida e profissão andam pelas próprias pernas. Segui o caminho de uma mãe muito bem-sucedida. Eu não tinha de provar que era boa, mas que era outra pessoa. Isso é cansativo. Sempre soube que teria de dar satisfação a vida inteira sobre meu parentesco e tiro de letra. Nunca briguei contra isso.

Como é fazer sempre a boa-moça?
GABRIELA – Acho que nunca vão me dar uma vilã na Globo. Já fui no teatro e no cinema. Provei que sei fazer e a minha curiosidade foi saciada. Mas não sei se o público de TV quer me ver como má. Acho que a Globo também não. Eles sabem o que é legal e o que não é para determinadas pessoas. Por isso acho que nunca fui chamada para esse tipo de papel.

Mas você não tem vontade de mudar um pouco o perfil ?
GABRIELA – Não sei. Talvez numa minissérie. Mas novela dura muito tempo. Pode ser que eu me divirta, mas acho que devo sofrer muito. Fico feliz de entrar na casa das pessoas de forma positiva. Sofrer com a reação do público é inevitável. Seria o mais tranqüilo. Difícil é decorar texto todos os dias, dormir pensando em como fazer a cena de uma vilã. É um ano da sua vida incorporada naquilo. Vale a pena mexer com uma energia tão pesada? A gente carrega as energias de tudo o que faz.

De que forma percebe o alcance social da personagem?
GABRIELA – Sou uma atriz como outra qualquer, que quer papéis consistentes. O que mais me interessa hoje, depois de 18 anos de carreira, é poder contribuir seriamente com a educação com essa personagem. Acredito que isso colabore um pouquinho para o crescimento do país.

Você acha que seu papel se destacou por causa da tendência de os autores enfocarem temas sociais?
GABRIELA – O público também se interessou pela história da Miriam com o Vicente (Marcello Novaes). Fiquei empolgada com o crescimento e isso também se deve, obviamente, ao tema do voluntariado e à discussão do merchandising social. É bom falar coisas importantes pelo entretenimento. Isso me fez voltar a fazer novela com uma filha de oito meses. Tinha planejado ficar um ano e meio só curtindo a Manuela.

Sua personagem mais polêmica foi Maria Eduarda, de Por Amor. Dez anos depois, você a elege como seu papel de maior destaque?
GABRIELA – O destaque dela foi ser a chata pioneira. Para a imprensa, ela ficou mais marcada do que para mim. Foi ótimo ter feito, mas Por Amor foi ao ar em 1997, época do início do boom da internet. A Eduarda foi a pioneira no quesito das personagens mais odiadas na rede. Tanto que, dez anos depois, as pessoas ainda falam nisso. Foi bem interessante ser pioneira na chatice.

Você se orgulha disso?
GABRIELA – Claro que sim. Fui pioneira até numa forma de interpretar na época. Sem ser pretensiosa, mas a Eduarda ensinou muitas atrizes da minha geração a se defenderem do personagem. Hoje em dia, fazem a chata que não é tão odiada. Não fiz isso. Fiz como estava escrito. Quem fez tudo foi o Manoel Carlos, só interpretei. Agora as chatas conseguem até ser amadas porque as atrizes têm medo das personagens ficarem intragáveis. Hoje, talvez fizesse a Maria Eduarda diferente. Na época tinha 23 anos, hoje tenho 33.




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