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Estudante carente vive sonho em Cuba
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/03/2008 | 07:00
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Vanessa Margarido dos Santos, 23 anos, ainda não tem opinião formada sobre a atual situação política de Cuba com a recente renúncia do presidente Fidel Castro. As impressões sobre o país começarão a ser observadas a partir da próxima quinta-feira, quando a estudante de Santo André, primeira colocada numa seleção feita entre afrodescendentes brasileiros, viaja para estudar medicina na Escola Latino-Americana de Havana.

O sinal verde foi dado pela Educafro (Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes), uma rede de cursinhos pré-vestibulares comunitários com sede em São Paulo. Inscrita desde 2003, Vanessa obteve 75 pontos em 80 possíveis. Para ser aprovada, a moradora do Parque João Ramalho não precisou tirar nota dez em provas de vestibular, mas mostrar capacidade e interesse pelo desafio.

“A avaliação levou em conta meu comportamento, minha assiduidade nos encontros, minha renda familiar e meu fenótipo. A escola só aceita jovens até 25 anos. Passei no limite, estou muito feliz e cheia de expectativas. Quero estudar muito e me especializar em cirurgia-geral ou pediatria”, diz.

A oportunidade oferecida pela Embaixada de Cuba no Brasil é totalmente gratuita. Os estudantes selecionadas terão todas as despesas pagas, entre passagens, moradia, alimentação, livros e uniformes. “Ganharemos 100 pesos cubanos por mês para gastos extras. Ainda não sei quanto dá, acho que é pouco, por isso tentarei levar o máximo de bagagem, principalmente produtos de higiene pessoal. Falam que essas coisas são muito caras por lá”, conta.

Professora de informática da Instituição Assistencial e Educacional Doutor Klaide, em Santo André, Vanessa passa os últimos dias no Brasil se despedindo de amigos e familiares. A presidente da instituição, Aparecida Tarifa, sente orgulho da ex-assistida.

“A Vanessa sempre se destacou em nossas atividades. Me emociono em lembrar como ela chegou aqui. Tinha quase 16 anos e pediu uma oportunidade. Demos e o resultado está aí. Ela merece esta chance.”

Os primeiros seis meses serão de adaptação. Vanessa aperfeiçoará o espanhol até o início das aulas, em setembro. “Terei sete anos para estudar e voltar médica. Vou me esforçar para não repetir. Quem é reprovado, volta para casa.”



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