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Vizinhos elevam custos de S.Caetano com Saúde

Em torno de 37% dos pacientes que são atendidos
pelas unidades do município são de outras cidades

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
02/05/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Um a cada três pacientes atendidos no Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin, em São Caetano, é residente de municípios vizinhos. Na avaliação do diretor administrativo da unidade, Caio Willian de Castro Júnior, embora o complexo consiga suprir a demanda migratória de outras cidades, o dado evidencia impacto negativo que a administração municipal tem sentido em seus cofres.

De acordo com a Prefeitura, de janeiro a março deste ano a unidade realizou total de 64.784 atendimentos. Desses, em torno de 24 mil pacientes, o equivalente a 37%, correspondem a moradores de cidades vizinhas.

Sem detalhar valores que a cidade arca para suprir as necessidades de pacientes migratórios, Castro Júnior relata que a porcentagem de atendimentos de pacientes de outras cidades também se estende para as demais unidades de Saúde de São Caetano.

“Esses números podem ser analisados de duas formas. A primeira é que o serviço prestado por nós é bem visto por moradores de outras cidades. Em contrapartida, também evidencia que os demais municípios não tem atendimento na área de Saúde bem avaliado”, afirma o diretor administrativo.

Na prática, embora a unidade não registre longas filas de espera, Júnior enxerga prejuízo financeiro. “Se só tivéssemos os atendimentos de moradores daqui, não precisaríamos de seis médicos na unidade, mas sim quatro. Essa economia de profissionais, com certeza, poderia ser utilizada na melhora da infraestrutura ou até mesmo em outros setores, como Segurança.”

No fim do ano passado, por exemplo, a Prefeitura de São Caetano solicitou ao Ministério da Saúde o cancelamento da instalação de UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade para transformar o equipamento em Caps (Centro de Atenção Psicossocial). A justificativa foi de limitar o atendimento a moradores do município. “Já tentamos negociar com prefeituras vizinhas alguma maneira de repassarem os custos gastos por nós com esses atendimentos, mas nada foi para frente”, relata Castro Júnior.

Atualmente, a Capital, que faz divisa com São Caetano, é responsável pela maior porcentagem de pacientes migratórios. Aproximadamente 15 mil moradores de São Paulo optaram por utilizar o sistema público de Saúde do município do Grande ABC.

Residente do bairro Parque São Lucas, Zona Leste da Capital, a dona de casa Maria Lucia Alves Uehara, 54 anos, é uma das moradoras que busca por atendimento médico em São Caetano. Na sexta-feira, por exemplo, ela acompanhou seu neto Bryan, 3, em atendimento no Hospital Albert Sabin. “Lá perto de casa tem o Hospital da Vila Alpina, mas é sempre muito lotado. Se você vai de manhã, só sai de lá no fim da tarde. Uma amiga minha me indicou os hospitais daqui e desde então só venho em São Caetano. Todo o processo é mais ágil”, relata.

O caso é similar ao do professor de Karate Fabiano Evangelista, 43. “Moramos no bairro São João Clímaco, na Capital, e aqui é muito perto para nós. Hoje mesmo vim trazer minha mãe e já passamos por todos os processos.”

Crise amplia busca por atendimento público

Os impactos da crise econômica que atinge o País nos últimos meses chegou às unidades de Saúde de São Caetano. De acordo com o prefeito do município, Paulo Pinheiro (PMDB), a demanda das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) apresentou alta de aproximadamente 50% desde o início do ano.

“O atendimento dobrou de janeiro para cá. Muitas pessoas acabaram perdendo o emprego e, por consequência, o convênio médico, o que faz com que busquem o SUS (Sistema Único de Saúde)”, relatou o chefe do Executivo durante mais uma edição do Programa Fila Zero, no início do mês passado.

De acordo com o prefeito,uma das medidas que tem conseguido suprir essa alta na demanda de atendimento é o terceiro turno nas UBSs. O programa, que reduziu em 25% o atendimento no Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin, amplia o funcionamento das instalações até as 23h.

Atualmente, o programa está em vigor nas UBSs Nair Spina Benedicts, no bairro Oswaldo Cruz; no Centro Policlínico Gentil Rstom, no bairro Boa Vista; e na UBS Amélia Richard Locatelli, no bairro Santa Maria.

Lançado em maio do ano passado com o objetivo de zerar a espera por consultas com médicos especialistas na rede pública de Saúde de São Caetano, o Programa Fila Zero também é outra ação promovida pela administração municipal que apresenta resultados positivos no setor de Saúde. No último mutirão, por exemplo, cerca de 4.000 consultas foram realizadas em período de quatro horas.
 




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