Aos 74 anos de idade e 54 de carreira, Eva Wilma diz que brinca trabalhando. E como a fria e gananciosa Cândida, de Desejo Proibido, a atriz tem voltado à infância. “Em algumas cenas a gente volta a ter 7 anos de idade. O melhor para o ator é isso, poder se divertir com o texto”, confirma a veterana.
A vilã da trama das seis da Globo é mais uma que a atriz deve guardar com carinho. Vai juntar a inesquecíveis figuras como as gêmeas Ruth e Raquel, na primeira versão de Mulheres de Areia, da Tupi, Maria Altiva, de A Indomada, e Hilda Pontes, de Pedra Sobre Pedra.
O folhetim à moda antiga de Walther Negrão é o tipo de trabalho que Eva gosta de fazer. É o estilo de trama que lhe dá prazer. Confira trechos da entrevista.
Você reclamou que as novelas estavam apelativas demais e deixaram de ser interessantes. O fato de Desejo Proibido ser uma trama à moda antiga foi o que a atraiu?
EVA WILMA – Foi um dos motivos. A evolução das novelas as levou para um caminho que as transforma quase em um programa de humor. E acho que aí fica sem sentido, sem romantismo. A essência do folhetim não pode ser deixada de lado. Seja no horário das seis, das sete ou das nove, é preciso saber contar uma história e despertar a curiosidade do telespectador, para que ele queira saber o que vai acontecer no próximo capítulo.
Qual é o prazer que você encontra na personagem Cândida?
EVA – A história dela me atraiu de cara. As relações de Cândida com o personagem Viriato no passado é que ocasionaram o que ela é no momento atual da novela. Há uma história que contextualiza a personagem.
Algumas vilãs de sua carreira marcaram muito, como a Raquel da primeira versão de Mulheres de Areia e mais recentemente a Maria Altiva, de A Indomada. Você acha que é mais lembrada pelas malvadas que fez do que pelas heroínas?
EVA – As vilãs de novela são as desencadeadoras das ações e a consciência crítica do autor. Elas ironizam tudo. Então, de certa maneira, elas também podem ser a consciência crítica do público. Mas não tenho preferência por vilãs ou heroínas, tenho preferência por bons papéis.
Você volta a trabalhar com o Lima depois de 15 anos, a última vez foi em Pedra Sobre Pedra, em 1992...
EVA – Foi, e surpreendentemente também a primeira. Por mais estranho que possa parecer, nunca tínhamos trabalhado juntos antes. Mas as pessoas nos vêem como grandes parceiros porque fizemos basicamente a mesma escola. Éramos da Tupi. Em Pedra Sobre Pedra a gente discutia muito nos bastidores porque minha personagem, a Hilda Pontes, era a esposa e ele defendia muito mais a outra, a Pilar Batista, de Renata Sorrah. Então ele defendia que minha personagem tinha de ser mais submissa e eu dizia que não. No final da novela o autor me deu páginas e páginas para mostrar que eu não era submissa (risos).
A TV ainda surpreende você?
EVA – Prefiro surpreendê-la. Autor, diretor e ator têm o mesmo objetivo: entreter o público emocionando e divertindo. O humor é essencial em tudo na vida. Fiz vários trabalhos profundos ao longo da carreira e mesmo nos momentos mais dramáticos eu conseguia fazer rir. Isso é meio chapliniano. Posso parecer pretensiosa, mas Chaplin era assim. Mostrou momentos dramáticos sem perder o humor. O que vem para as minhas mãos, eu uso. Chance a gente agarra e faz acontecer.
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