Os pedalinhos voltarão para o Parque Estoril, em São Bernardo. As pequenas embarcações foram banidas da orla da Represa Billings – que banha o parque – em janeiro, após um usuário ter morrido afogado ao saltar do equipamento sem colete salva-vidas. Para retomar as atividades, os permissionários serão obrigados a seguir um conjunto de exigências que pretendem aumentar a segurança do usuário. As principais são a limitação da área na qual pessoas poderão navegar e a presença permanente de salva-vidas no local – grupo que deve ser bancado pelos empresários que vão explorar a atividade. A previsão é de que até o feriado da Independência (7 de setembro), os pedalinhos voltem a operar.

Para que o cronograma seja cumprido, a Capitania dos Portos precisa liberar a documentação que regulamenta o serviço. A papelada foi entregue na quinta-feira passada. O problema é que não há prazo limite para emissão do parecer. A expectativa, no entanto, é de que tudo seja resolvido nos próximos dias. A partir desta semana, homens do Corpo de Bombeiros e da Guarda Civil Municipal vão iniciar a instalação das bóias que demarcarão a área navegável para os pedalinhos. A definição do perímetro depende da conclusão de um estudo que está em fase final de análise pelos bombeiros.

Nas últimas semanas, foram feitas simulações de resgate na área do Estoril, nos quais se avaliou o tempo necessário para que o salva-vidas possa alcançar a vítima de afogamento sem que ela sofra prejuízos. Para facilitar o serviço, também estará à disposição do salvamento um barco “para socorro imediato”. Os usuários só poderão deixar a terra firme vestidos com coletes salva-vidas homologado pela Marinha e após receberem instruções de segurança para o uso dos pedalinhos. Das cerca de 20 empresas que aluguavam embarcações no Estoril, apenas seis foram habilitadas para essa nova etapa.

Para cada grupo, foi construído um porto na orla da represa. Inicialmente, a frota será formada por 64 pedalinhos, todos novos, fabricados em fibra de vidro. A Prefeitura pretende ainda abrir concorrência para que outras três empresas passem a atuar na área de lazer, o que aumentaria para 90 o número de embarcações à disposição para aluguel. “A volta dos pedalinhos para o Estoril demorou um pouco mais do que prevíamos porque se trata de um projeto inédito. Não havia referência, partimos do zero”, diz a secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo de São Bernardo, Maria Alice Bergamo.

Fiscalização – A Capitania dos Portos fez no domingo a primeira operação na Billings após a série de naufrágios que resultaram na morte de dez pessoas – sete delas crianças – nos últimos dois meses. Os trabalhos tiveram início no sábado e, até as 12h de domingo, 37 embarcações tinham sido abordadas – 14 das quais eram jet skis. No período, doze notificações foram emitidas – a maioria por falta de documentos ou pagamento do seguro obrigatório das embarcações. Os infratores têm oito dias para apresentar defesa. Só então será definida a necessidade de aplicação da multa, que varia entre R$ 40 e R$ 3,2 mil.

No balanço divulgado pela Marinha, apenas dois barcos a remo – o tipo de embarcação que foi utilizada por ocasião dos três naufrágios com vítimas fatais ocorridos na represa – foram vistoriados pela Capitania dos Portos. Ambos traziam coletes para cada um dos tripulantes a bordo, único equipamento de salvamento exigido pela Marinha para barcos de pequeno porte e sem motor. De acordo com o último balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros, na última quarta-feira, 39 pessoas morreram na Billings por afogamento de janeiro até agora. O volume supera o número de ocorrências durante todo ano passado, quando foram registrados 37 casos.