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100 anos Burle Marx
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
19/07/2009 | 07:01
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Inventor do jardim moderno, o maior paisagista do século 20, Burle Marx (1909-1994) e sua volumosa e diversa produção artística ganham em São Paulo, nesta semana, a exposição Roberto Burle Marx 100 Anos: A Permanência do Instável. Vinda do Rio, onde foi vista por 185 mil pessoas em quatro meses, a mostra reúne pinturas, desenhos, projetos e estudos originais, maquetes e até joias.

A estrela da mostra é a tapeçaria de 26m de comprimento por 3,3m de altura que ocupa imponente boa parte da Grande Sala do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Parque Ibirapuera. A obra, maior do gênero desenhada por Burle Marx, é patrimônio da cidade de Santo André.

O leitor do Diário acompanhou a novela que envolveu o restauro da tapeçaria de valor incalculável em uma série de reportagens iniciadas em 1993. Finalmente, após trabalho de mais de um ano entre 2006 e 2007, a peça foi limpa e livre das centenas de pregos que a sustentavam indevidamente por uma empresa especializada.

Também ganhou mobilidade para esses passeios que podem torná-la conhecida em todo o País. O restauro foi financiado pelo MinC (Ministério da Cultura), que investiu R$ 106 mil, com contrapartida da Prefeitura de Santo André de R$ 86 mil. O endereço fixo da bela composição abstrata é o 9º andar do prédio do Executivo, no Paço Municipal.

Por conta do centenário de Burle Marx, o empréstimo da tapeçaria para integrar outras exposições teria sido solicitado. A Prefeitura de Santo André negou, atitude apoiada pelo curador desta atual mostra, o arquiteto e doutor em antropologia social Lauro Cavalcanti. "É preciso critério, geralmente não é recomendável que obras fiquem fora dos museus por mais de seis meses." A princípio, depois que os paulistanos conferirem de perto a "gema" da mostra, ela volta para casa.

Quem circula pelo centro de Santo André se sente familiarizado com as formas sinuosas e cores do multiartista expostas no MAM. Burle Marx assina também o paisagismo do Paço, além do mosaico do calçamento e um mural em concreto no saguão do Teatro.

"Santo André é burlemarxiana", afirma a professora de história Maria Augusta Buesa, 60 anos. Ela conduziu pesquisa que revelou a origem da confecção da tapeçaria e está sempre atenta. "A Prefeitura mexeu nas calçadas da Perimetral e não reconstituiu o desenho de Burle Marx.

Aquilo é nosso patrimônio! O artista foi a Portugal aprender com os calceteiros e a manutenção é feita de qualquer jeito!", dispara.
Pelo visto o leitor pode esperar pelo próximo capítulo.




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