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Exposição de Ranzini está na Casa Portugal
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
29/09/2004 | 09:43
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O italiano Giuseppe Ranzini, 60 anos, ex-morador de São Bernardo, sempre que olhava um objeto decorativo feito de arbustos ressecados em sua casa, em São Paulo, ficava encucado com a dimensão circular e a harmonia das formas. Enfim, a plasticidade da peça. Depois de namorar o objeto durante cerca de um ano, ele iniciou uma série de pinturas a partir desta inspiração. Até 21 de outubro, 29 dessas obras podem ser vistas com entrada franca na Casa de Portugal, na capital.

Funcionário de uma indústria farmacêutica de 1964 a 1999, Ranzini logo relacionou o motivo circular que agora desenvolve em sua produção pictórica com anelídeos (seres de corpo segmentado formado por anéis, como as minhocas, por exemplo). De certa forma, esses seres têm a ver com uma função que Ranzini desempenhou. "Fui diretor da divisão veterinária da indústria e devo ter visto algo relacionado com anelídeos", diz.

Anelídeos é então o nome da mostra de pinturas em tinta acrílica sobre tela que ele agora realiza. Nas obras, o pintor trabalha os motivos circulares de diversas maneiras. Ora usa cores, ora trabalha só com preto e branco, sempre explorando os tons com critério. Por vezes desenvolve um só motivo em cada tela, mas também reúne vários círculos em uma só composição.

A curadoria da mostra é assinada por Enock Sacramento, que foi crítico de arte do Diário durante 25 anos e é autor, entre outros, do livro Sacilotto, sobre vida e obra do concretista andreense Luiz Sacilotto (1924-2003).

Ranzini se debruça desde o início do ano sobre essa série, a qual deve ganhar mostra em novembro no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo, cidade onde a mãe do pintor, Lia, 84 anos, ainda mora.

Grande ABC - Ranzini nasceu em Milano (Itália) em 1944 e tomou gosto pela pintura ainda menino, influenciado pelo tio Attilio Fesce. Aos 8 anos, chegou ao Rio com a família.

Em 1954, mudou para São Bernardo, cidade em que seu pai, Tullio, montou e foi o engenheiro químico responsável pela fábrica de pastilhas de vidro Lonp S/A. "Há uma praça no Jardim do Mar chamada Tullio Ranzini", diz o artista.

Em 1959, Ranzini começou a freqüentar a Asba (Associação São-Bernardense de Belas Artes). Formou-se em 1976 em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito São Bernardo. Por conta da profissão na área farmacêutica, morou em Paris (França), Lima (Peru) e no Rio. Reside em São Paulo desde 1997.

Impedido pelas atividades profissionais, Ranzini nunca conseguiu dedicar-se à pintura integralmente, o que só foi possível a partir de 1999, quando se aposentou.

Anelídeos - Na Casa de Portugal - av. Liberdade, 602, S.Paulo. Tel.: 3342-2104. De seg. a sex., das 10h às 17h. Entrada franca. Até 21 de outubro.




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