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Príncipe na oca
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
25/10/2009 | 07:00
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Uma das histórias mais populares e conhecidas em todo o mundo ganha a exposição especial O Pequeno Príncipe na Oca, em cartaz no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Aberta ao público nesta semana, a mostra conta com fotografias, esculturas, murais informativos, atrações interativas e reproduções de famosas passagens dos personagens, além de contar com espaço dedicado à trajetória de vida do poeta e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), autor do clássico conto. A exposição é a primeira dedicada em todo o mundo à fábula que completa 66 anos de seu lançamento e integra as comemorações do Ano da França no Brasil.

A visita à Oca cria uma experiência sensibilizante. Oportunidade para diferentes gerações conhecerem o universo autossustentável pregado pelo personagem título em sua incrível viagem por diferentes planetas. Basta que o visitante se deixe levar pelo acervo para relembrar - ou descobrir - como a inocência pode ser cativante e uma virtude a ser preservada.

Mundo de encanto

A mágica saga do inocente personagem francês deixa as páginas dos livros para inspirar O Pequeno Príncipe na Oca, primeira exposição em todo o mundo sobre a obra. "Cada vez que conhecia mais o personagem, percebia que ele ainda tinha uma grande missão a cumprir", diz Sheila Dryzun, curadora e idealizadora da exposição. "As mensagens do livro devem ser passadas para as novas gerações."

A impressão que fica é de que o universo criado pelo piloto Antoine de Saint-Exupéry ganha vida. "A ideia foi trabalhar com as escalas, passando a sensação de que as pessoas estejam dentro do livro", explica Felipe Tassara, responsável pela cenografia.

Após receberem sua "passagem aérea", os visitantes deparam com réplica da Torre Eiffel e uma pequena Paris a sua volta. A instalação segue a linha das ilustrações, bem coloridas e parecendo quadros feitos à mão.

Quinze ambientes estilizados remetem aos capítulos do livro. Os espaços relembram famosas frases e tentam passar a emoção do personagem naquele momento de sua aventura.

O subsolo retrata as viagens feitas pelo piloto Saint-Exupéry. A visão dos andares acima faz com que o local se transforme em um gigantesco mapa, com os nomes de mares, países e cidades surgindo em alto-relevo do chão. Uma trilha leva os visitantes por locais como Mauritânia, Cairo, Senegal, e Casablanca, além de relembrar a passagem do autor pela América do Sul.

Murais misturam passagens da vida do escritor com a trajetória do Pequeno Príncipe. Um dos cartazes conta que, em 1942, em Nova York, o poeta comprou uma caixa de aquarelas e passou diversas noites escrevendo e desenhando. "Nasceu, assim, o Pequeno Príncipe". Antigas músicas francesas embalam o passeio.

Nesse espaço encontra-se um dos itens mais interessantes: a réplica do avião vermelho do aviador amigo do personagem título, caído no deserto. Apesar de não parecer tão real, a figuração encanta pelos detalhes e pelo cenário que a rodeia.

O segundo andar é dedicado a apresentar a vida de Saint-Exupéry em A História de Uma História. O acervo tem mais de 300 itens. Cartas, documentos, fotografias, desenhos e peças pessoais do autor dividem atenção com uma vitrine que abriga as 60 primeiras edições do livro em diferentes países, entre eles Holanda (1959), Japão (1970), Moldávia (1989) e Sri Lanka (2007) - sem contar a primeira edição de 1946. Destaque para a pulseira do homenageado, encontrada por um pescador em 1998 e tida como seu último vestígio, antes de desaparecer em 1944, em meio a missão durante a Segunda Guerra.

Antes de sair da Oca, suba o último lance de escadas e contemple o espaço sideral que toma lugar do teto. Projeções exibem os planetas visitados pelo Pequeno Príncipe, finalizando a jornada de nós, súditos, pelo universo do menino monarca.

Exupéry e o Brasil

Além de ter escrito uma das pérolas da literatura mundial, Antoine de Saint-Exupéry chama a atenção por sua vida particular. O piloto e poeta viajou por exóticas regiões do planeta. Após prestar serviços para a força militar francesa, trabalhou na empresa Aerospostale, primeiro correio aéreo da história. O emprego o trouxe até a América do Sul, com passagens pelo Brasil.

O relato de sua vinda para cá é contestado por alguns historiadores, mas confirmado por seus familiares. "É claro que ele (Antoine) esteve no Brasil. É quase uma irresponsabilidade pensar que esse momento é apenas uma lenda", afirma François d'Agay, sobrinho do escritor.

Ele confirma a versão de que seu tio fazia parte da equipe postal aérea responsável por sobrevoar a costa sul-americana. "Ele trabalhava no correio aéreo e viajava pelo território brasileiro constantemente naquela época (início da década de 1930). Antoine fez grandes viagens por esse lado do mundo."

Em seu avião, entregava cartas, transportava alimentos e, até mesmo, salvava pessoas e enfrentava perigos na floresta.

Segundo relatos, o piloto conheceu a árvore Baobá - figura conhecida no cotidiano do Pequeno Príncipe - em Natal, no Rio Grande do Norte; sobrevoou as praias de Florianópolis, em Santa Catarina, onde era conhecido por Zé Perri; e escreveu trechos do romance Voo Noturno (1931) em estadia no Rio de Janeiro.

Se a passagem pelo Brasil ainda é uma incógnita, não se pode contestar que Saint-Exupéry foi chefe da Aerospostale em Buenos Aires, onde conheceu a salvadorenha Consuelo Soucin, sua mulher.

O Pequeno Príncipe na Oca - Exposição. Em cartaz na Oca - Parque do Ibirapuera, portão 3. Tel.: 3034-6424. Ingr.: R$ 9 (meia-entrada) e R$ 18 (grátis para menores de três anos). Ter. a 6ª, das 9h às 19h; sáb., dom. e feriados, das 10h às 20h. Até 20 de dezembro.




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