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Quem vai desatar esse nó?

Especialistas pedem solução urgente para gargalos diários entre o km 18 e o km 23 da Via Anchieta

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
04/07/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Acessos para municípios do Grande ABC ineficientes, sistema viário saturado e pouca perspectiva de mudança. As razões podem ser essas e muitas outras, entretanto, uma coisa é certa: os gargalos diários entre o km 18 e o km 23 da Via Anchieta não param de se agravar. Responsável por receber demanda de 156 mil veículos por dia (sendo 88 mil no sentido Litoral, e 68 mil rumo à Capital), o trecho tem se tornado um grande tormento para quem passa pela rodovia.

“Sinceramente, dá até um nó na minha cabeça quando passo por aqui na volta do trabalho. A sensação que tenho quando olho para todos os lados é que não tem saída a não ser ligar o rádio e ter paciência para andar igual uma tartaruga”, relata o empresário Rubens Mello, 48 anos.

A revolta do empresário não é para menos. Isso porque três saídas localizadas entre o km 18 e km 23 da Via Anchieta são responsáveis por longas filas de congestionamentos nos horários de picos, entre 6h e 10h (sentido São Paulo) e 17h e 19h para quem segue rumo ao Litoral.

O principal problema está no km 18 da rodovia, localizado na região do bairro Piraporinha. As saídas desse ponto, responsáveis por dar acesso para avenidas importantes de São Bernardo e Diadema, tais como Piraporinha, Kennedy e Álvaro Guimarães, sofrem diariamente com o tráfego intenso. “É muito farol nesses trechos. Isso dificulta o trânsito da Anchieta. Os carros param aqui e isso se arrasta até lá na Volks”, relata a corretora Fernanda Batista de Lima, 31.

O tráfego intenso se estende para saídas localizadas no km 22 (acesso para região Central de São Bernardo) e km 23 (acesso para as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Rotary).

Na avaliação do professor da área de Mobilidade Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Humberto de Paiva Júnior, tal saturação do trecho ocorre em virtude dos problemas já encontrados no sistema viário dos municípios da região. “Os congestionamentos das principais avenidas do Grande ABC cada dia mais se agravam e a rodovia, por fazer a ligação com a Capital passando por essas cidades, acabou sendo uma solução encontrada para fugir do tráfego intenso, mas isso se acentuou tanto que, como consequência, vemos as saídas sobrecarregadas”, explica.

Para o professor de Engenharia Civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana) especializado em Mobilidade Urbana Creso Peixoto, por se tratar de problema com solução a longo prazo, é necessário que autoridades tomem providências simples que consigam amenizá-lo. “Se você for analisar o mapa do setor, conseguimos encontrar diversas rotas alternativas que poderiam aliviar esses congestionamentos. Lógico, é importante salientar que, para isso acontecer, é preciso que o departamento de trânsito avalie as consequências de transferir esse fluxo para uma via interna. É necessário entender se isso não irá somente transferir o problema, mas o interessante dessa mudança é fazer com que o motorista mude a concepção de que o caminho menor é sempre a melhor alternativa.”

De acordo com o especialista, hoje aplicativos oferecem de maneira eficaz rotas alternativas que, muitas vezes, otimizam o tempo de viagem do motorista. “Fazer um caminho mais longo, mas sem congestionamentos é uma boa opção. As pessoas precisam entender isso.”

PROJETOS

Para minimizar os congestionamentos diários do trecho, a Ecovias, concessionária responsável pela administração do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), irá construir mais uma pista marginal entre o km 18 e o km 23, no sentido Capital, como forma de desafogar o acesso a bairros de São Bernardo.

A concessionária já iniciou os serviços preliminares das obras, como desenvolvimento de projetos complementares e preparação da área. Essa etapa deve ser finalizada até o fim deste ano. Já as intervenções mais pesadas na via devem ocorrer a partir de 2017, com previsão de término para 2018.

Questionada sobre estudos ou projetos para aliviar as saídas da rodovia que dão acesso ao município, a Prefeitura de São Bernardo não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.  




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