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Desejos de um sofredor
Gabriela Germano
Da TV Press
07/03/2008 | 07:05
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Na televisão, Bruno Garcia já interpretou vários personagens engraçados ou, no mínimo, muito bem-humorados. E sempre gostou. “Amo fazer comédia”, confirma. Bons exemplos desses tipos são o sarcástico Ben Silver, de Bang Bang, ou o cínico promotor Pedro, de Coração de Estudante, reprisada atualmente em Vale a Pena Ver de Novo. Na minissérie Queridos Amigos, no entanto, o ator encarna o deprimido escritor Pedro, uma das figuras mais comoventes da história.

E a oportunidade de explorar um gênero diferente do que costuma fazer o empolgou. “Eu estava com saudade de experimentar um papel mais dramático”, revela ele.

Para incorporar o personagem, Bruno mergulhou de barba, cabelo e bigode em sua trajetória de vida. O ator ficou meses sem aparar os fios e, enquanto viu seu rosto ser tomado por pêlos, foi absorvendo os conflitos da figura a que iria dar vida. Na trama escrita por Maria Adelaide Amaral, o até então bem-sucedido Pedro desiste de continuar escrevendo ou buscar qualquer outra motivação para viver depois que a mulher morre em um acidente de carro. Na opinião do ator, o visual ‘meio indigente’ foi fundamental para dar credibilidade à sua história de sofrimento. “Dificilmente conseguiríamos o mesmo efeito com maquiagem. Está muito crível”, acredita o ator que, de início, ficou incomodado com a barba longa mas agora está até apegado a ela.

A credibilidade é tanta que o próprio ator se empolgou e começou a escrever também. Durante os ensaios para a minissérie, sentado em frente à maquina de escrever, começou a imaginar quão grande seria o sofrimento daquele personagem que já tinha sido um escritor conceituado e atualmente era obrigado a escrever contos eróticos para sobreviver.

Bruno passou a datilografar algumas palavras e considerou a experiência ‘louquíssima’. “Sempre escrevi, mas como Bruno. Agora é como Pedro. Virou uma espécie de heterônimo. É um ótimo exercício para mim”, avalia o ator.

Bruno destaca que seu personagem exigiu um sério trabalho de composição, já que é um cara bem diferente dele. O ator brinca, inclusive, que a melancolia de Pedro é tanta, que ele não sabe se teria paciência para lidar com uma figura como ele. “Às vezes digo: meu Deus, como ele pode seguir assim? Mas aí me lembro que a gente pode ter um amigo ferrado como o Pedro e é preciso se resignar”, diz Bruno aos risos.



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